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A resistência a mudanças e o meu cachorro Chewie

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Davidson Ramos

Davidson Ramos

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Auditor Líder ISO 9001:2015 e autor de centenas de artigos sobre Gestão da Qualidade, sempre acreditei que as pessoas têm o poder de mudar o mundo a sua volta, desde que estejam verdadeiramente engajadas nisso. Por isso me dedico a ajudar as pessoas a criar laços verdadeiros com seu trabalho, porque pessoas engajadas mudam o mundo!

Nesse final de semana, um acontecimento banal me fez refletir um pouco sobre resistência a mudanças. Esse é um dos desafios com que todo gestor já teve (ou terá) que lidar alguma vez na vida.

Aqui no blog, recebemos dezenas de mensagens de pessoas querendo saber como tornar as pessoas mais receptivas, mais abertas. Querendo aprender a incentivar a mudança nas pessoas.

Então, vou contar uma pequena história. Uma história que envolve meu cachorro e uma mudança simples, mas inesperada. Antes de falar do assunto em si, vamos à história:

Meu cachorro Chewie

Eu tenho um Shih-tzu. Ele se chama Chewie, por causa do Chewbacca, do Star Wars. Como característica dessa raça, ele é muito peludo. Fator, inclusive, que influenciou no nome dele.

Há umas três semanas, minha esposa o levou no petshop. O plano era que ele tomasse banho e que fizessem uma tosa simples, patas e um pouco do pelo do corpinho. Porque ele estava com uns 10 centímetros de pelo.

Meu cachorro, Chewie, antes do acontecimento que nos trouxe muita resistência a mudanças.
Chewie antes da tosa que me inspirou a escrever este artigo sobre resistência a mudanças.

Quando voltamos para buscá-lo, tivemos uma surpresinha. Digamos que o petshop não levantou direito as nossas expectativas. A tosa, que era para ser uma tosa higiênica, ou seja, apenas reduzir o excesso de pelo; virou uma tosa completa e os 10 centímetros de pelo se transformaram em pouco mais de 1 milímetro. Passaram a “máquina zero” no Chewie.

Nós não gostamos da mudança

De início, eu quase não reconheci meu cachorro. Se não fossem algumas características dele, como as patinhas brancas e uma faixa de pelos, também branca, no pescoço; eu diria que o tinham trocado. Ficamos muito incomodados com a mudança. Parecia que nós não o reconhecíamos, que não era o nosso cachorro. Queríamos ele como era antes.

Hoje, três semanas depois, já estamos acostumados. Nós nem notamos mais a diferença. Não sentimos falta da pelagem e nem nos lembramos do Chewie peludinho. Domingo, eu estava brincando com ele, e só então percebi que os pelos já cresceram quase 1 cm. Me toquei que dentro de alguns meses, ele vai estar exatamente igual ao que era antes do ocorrido. E que dessa vez, nós não iremos nem sequer notar a diferença.

É aqui que eu quero chegar. Estamos falando de 2 mudanças:

  • Na primeira, o Chewie era peludo e ficou “pelado”; nós detestamos. Resistência total à mudança!
  • Na segunda, o Chewie está “pelado” e vai se tornar peludão de novo, uma fofura; mas nós não iremos nem sequer notar.

Sem trocadilhos, mas o que muda nas duas mudanças? Porque odiamos uma e nem sequer notamos a outra?

A resposta é que uma foi repentina e não consentida; enquanto a outra será gradativa e emocionalmente próxima. O Chewie não ganhará 4 dedos de pelos do dia para a noite. Vai ser lento, e vamos acompanhar isso. Dessa forma, quando ele estiver novamente com 10 cm de pelagem, não vamos estranhar. Esse novo visual terá se incorporado a nossa rotina, fará parte dele tanto quanto fará parte de nós.

O que o Chewie tem a ver com resistência a mudanças?

Aqui chegamos ao tema real desse artigo. Afinal, por melhor que seja a sua intenção. Por mais correto que você esteja. Não adianta querer “tosar” os problemas da sua empresa e achar que todo mundo vai achar lindo.

Para que as mudanças sejam bem-aceitas, elas não podem ser:

Repentinas: na quinta-feira à tarde o processo rodava de um jeito, na sexta de manhã há novas regras, novos modos de fazer as coisas. Todo mundo fica confuso, irritado. Mas é claro, são os colaboradores que têm resistência a mudanças…

Não consentida: você não atualizou os procedimentos, não consultou ninguém, não pediu ajuda para ninguém. Ignorou todas as contribuições (ou tentativas de) que as pessoas que trabalham diariamente no processo deram. Talvez, como se não pudesse piorar, não explicou para ninguém os motivos da mudança de processo. Mas as pessoas é que têm resistência a mudanças…

As pessoas são resistentes àquilo que elas não entendem

As mudanças precisam ocorrer paulatinamente, melhorando o processo dia a dia, inclusive para serem mais efetivas. Quando você muda constantemente, consegue ir adequando o caminho, tornando o processo melhor de acordo com o contexto. Do contrário, além da resistência a mudanças, corre-se o risco de não conseguir entender a mudança. Não conseguir medir ao certo a eficácia dela.

Então, se uma mudança for grande demais, vale a pena começar devagar. Conscientizando as pessoas e mudando pouco a pouco. As pessoas precisam entender o que vai mudar, quais os benefícios e motivos. Dessa forma, as pessoas não só irão deixar de ter resistência a mudanças como irão desejar que elas aconteçam.

Quando isso acontece, começamos a ter uma cultura voltada a melhoria. Em empresas em que a cultura está verdadeiramente incorporada, está no sangue na organização, a resistência a mudanças é muito, mas muito menor.

You have the power

Independe de você ter gostado ou não da história do meu cachorro, ou até mesmo do meu texto, o que eu gostaria de mostrar é que a resistência a mudanças tem uma origem. Além disso, pode ser que a raiz nem mesmo seja as que eu apontei no meu artigo. Pode ser que a resistência a mudanças aconteça na sua empresa por outro motivo. Afinal, quantos milhares de contextos diferentes existem? Seria, no mínimo, ingenuidade achar que todos eles têm a mesma causa raiz.

Portanto, você precisa analisar o que acontece na sua empresa. Você tem o poder de agir para que isso não aconteça. Por mais difícil que possa parecer, há meios de melhorar as coisas, mudar e contar com a ajuda das pessoas.

Apenas apontar para as pessoas e dizer que elas são resistentes não vai mudar a realidade. Se a sua empresa é resistente a mudanças, pode parecer irônico, mas as coisas precisam mudar. Toda cultura que realmente melhora passa por mudanças e, talvez, o princípio de tudo seja você. Então, talvez, essa mudança possa (ou precise) começar por você!

Sobre o autor (a)

8 comentários em “A resistência a mudanças e o meu cachorro Chewie”

  1. Mais um ótimo post!
    Aqui aonde eu trabalho encontro muita resistência às mudanças, mesmo essas sendo implementadas aos poucos. Vou exemplificar, uma delas está voltada para os registros das Não Conformidades e atividades pertinentes (analisar a causa, propor ação de contenção (se houver), ação definitiva, responsáveis, prazos, verificar implementação, verificar a eficácia da ação, etc). Uma atividade relativamente simples para quem já tem o hábito e domínio desta pode ser plenamente assustadora para quem não a conhece. O que ouço muito falar aqui é “relatar as não conformidades em relatórios de ações é burocratizar”… mas quando eu explico os motivos e a importância destes registros, percebo a flexibilidade dos gestores aumentarem e noto uma aceitação, mas se houver entre os gestores algum com muita resistência as mudanças, este pode atrapalhar um pouco a implementação dessa cultura na empresa, e, este tem que ser trabalhado de modo mais “especial”, insistindo com ele no processo e exaltando ele com os resultados positivos. rs (funciona)
    Depois vem a análise crítica e a resistência torna a ocorrer e o processo se repete até que aceitem rs.
    Tem que ter muita resiliência, tema este que poderia ser discutido por você em algum post, a Resiliência.
    Abraço!

    1. Davidson Ramos

      Ótimo comentário, Edu!

      Duas coisas me chamaram atenção:

      “Uma atividade relativamente simples para quem já tem o hábito e domínio desta pode ser plenamente assustadora para quem não a conhece”. Concordo plenamente, inclusive estou ensaiando um artigo sobre a importância dos treinamentos para engajar pessoas, mas não sei bem o que escrever, kkkkk, então estou “cozinhando a ideia”.

      A segunda é o que você disse sobre as lideranças. Batemos muito nisso aqui no blog, os líderes são os guardiões da cultura, se eles não fizerem isso do jeito certo, teremos problemas. E ter algum “jogando contra” é realmente complexo.

      Quanto a sugestão de tema, anotado! Vou pesquisar um pouco, se conseguir extrair algumas coisa relevante sobre o tema, escrevo. É um tema difícil de se escrever, me assemelha um pouco à motivação, mas ainda mais intrínseco, individual, então é complicado. Enfim.

      Abraço Edu, sempre bom ler seus comentário por aqui

      1. Veja o wikipédia, está bem resumido o que é resiliência, e, creio que todos os profissionais da Qualidade aplicam a resiliência para obter êxito nas atividades.

      2. Caso queira, posso até te ajudar na construção do conteúdo para que você poste aqui no Blog.
        E algum dia, quem sabe, posso até ser um “contribuidor” de conteúdos rs

        1. Davidson Ramos

          Opa!

          Você sabe que nós aceitamos texto de colunistas externos aqui no blog, né? Se quiser escrever sobre esse tema, será muito bem-vindo!

          Se quiser saber como funciona o processo, me envia um e-mail (davidson@forlogic.net) e te mando as regras de publicação.

          Um abraço, Edu! Tenha um ótimo final de ano!

          1. Te enviei um e-mail. Tenha um ótimo final de ano e boas festas e ótimas férias. rs

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