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ISO 56002:2019 – Gestão da Inovação: Introdução (Parte 1)

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Sou co-fundador da ForLogic Software, hoje atuo com gente, cultura e gestão. Sou um dos criadores do Qualiex, do Qualicast (o 1º Podcast nacional focado em qualidade), criador do Blog da Qualidade (o maior blog sobre Qualidade do Brasil). Mestre em Engenharia da Produção pela UTFPR (Universidade Tecnológica Federal do Paraná), auditor líder formado com orgulho pela ATSG na ISO9001 e 22000, pai, empreendedor, e um inconformado de plantão!
Acredito na responsabilidade do indivíduo, no poder da qualidade e que podemos fazer diferente. Me acompanhe no Linkedin e no Instagram.

Hoje, vamos continuar a série sobre a norma que trata de gestão da inovação, a ISO 56002:2019. No artigo anterior, abordei porque essa norma foi lançada e quem a publicou. Neste texto, vou começar a falar da norma mesmo, descrevendo e trabalhando alguns de seus itens.

Esse é um artigo introdutório, por isso vamos ter que separá-lo em 3 seções:

  • A família de normas;
  • Prefácio da norma, e;
  • Introdução da norma (parte 1).

Vamos lá!

Uma família de normas para inovação

Assim como as outras normas, a 56002:2019 tem uma família das normas ligadas ao sistema de gestão de inovação. Essa família é bem grande e vai apoiar as empresas que querem inovar. Atualmente, janeiro de de 2019, nós temos oficialmente no site da ISO 3 normas publicadas. Normas ligadas a gestão a inovação já publicadas

Fonte: https://www.iso.org/committee/4587737/x/catalogue/p/1/u/0/w/0/d/0

 

Normas ligadas a gestão da inovação em processo de elaboração elaboração

Acontece que temos ainda uma série de normas em elaboração, que estão em fase de discussão e ainda não foram publicadas, mas devem ser em breve, são elas:

Essa imagem diz respeito a uma tabelo que o Jeison utilizou no artigo sobre a norma 56002:2019

Fonte: https://www.iso.org/committee/4587737/x/catalogue/p/0/u/1/w/0/d/0

Veja que estas duas tabelas juntas apresentam uma gama de normas ligadas ao sistema de gestão da inovação e que podem apoiar o seu sistema de gestão a inovação.

Vale lembrar que a norma 56002 ainda não foi traduzida oficialmente para o português pela ABNT (temos um comitê trabalhando com seriedade para isso). Então o que teremos aqui é uma livre interpretação do texto em inglês, alguns termos podem sofrer alterações futuramente. Por isso sempre que eu traduzir algo da norma (tradução livre), vou apresentar em itálico e em azul escuro, desse jeito.

De qualquer forma, não pretendo colocar aqui todos os tópicos da norma traduzidos, e sim trazer uma visão sobre algumas partes da norma ISO 56002:2019. Também é importante dizer que vou escolher quais pontos comentar da norma, faço isso, para que o artigo não vire um livro! Por isso, se você quiser saber mais sobre aspectos que talvez eu não tenha citado aqui, escreva nos comentários para evoluímos a discussão!

A 56002 é certificável?

Essa é uma dúvida comum para diversas normas, e com a 56002:2019 pode ser igual: a ISO 56002:2019 é certificável?

A ISO 56002: 2019 é uma norma de diretrizes, ou seja, ela não é uma norma que possui uma rastreabilidade de certificação. Isso significa que você terá uma série de diretrizes a seguir, e não requisitos normativos a cumprir.

Dessa forma, você pode validar se sua empresa está aderente a norma, mas terá na verdade um relatório de conformidade da certificadora escolhida, e não um certificado. Essa “certificação”, será encarada como um atestado de conformidade da certificadora uma vez, que não estará rastreada por organismos superiores para uma certificação.

Sobre o prefácio da norma ISO 56002:2019 – Gestão da Inovação

Certa vez, ouvi de alguém muito sábio dizer que devemos começar a ler a norma pelo prefácio e introdução, e não pelos tópicos de requisitos. Hoje, penso que isso é muito verdadeiro. Lembro, inclusive, que eu mesmo, às vezes, “lia esse trecho correndo”. Agora, lendo com calma, vejo a importância de partir do início, ou seja, falar da introdução da norma antes de chegar aos requisitos.

 

O prefácio da 56k traz algumas introduções a termos básicos da ISO e também explica como funciona o trabalho de elaboração da norma. Vale citar aqui alguns links para consulta referentes critérios de aprovação dos diferentes tipos de documento da ISO. Se você quiser entender um pouco melhor como ela foi criada, é um bom material.(www.iso.org/directives).

Vejo como interessante citar mais dois links uma para obter uma explicação sobre o significado de termos e expressões específicos da ISO relacionados à avaliação de conformidade, bem como informações sobre a adesão da ISO aos princípios da Organização Mundial do Comércio (OMC) nos Barreiras Técnicas ao Comércio (TBT), no link : www.iso.org/iso/foreword.html

Por fim, apresenta o comitê responsável pelo documento da ISO 56002:2019, o Comitê ISO / TC 279, Gestão da inovação. É sempre bom lembrar que qualquer pessoa pode contribuir entrando em contato e existe um link com os membros e organismos nacionais: www.iso.org/members.html

Introdução: aqui “o bicho começa a pegar”!

A norma traz a seguinte estrutura (traduzida livremente) para introdução (considerada item 0 (zero) pela norma):

0 Introdução

  • Geral
  • Princípios da gestão da inovação
  • Sistema de gestão da inovação
    • Geral
    • Ciclo PDCA
    • Gerenciando incertezas e riscos
  • Relacionamento com outros sistemas de gestão padrão

Alguns fatores que me chamaram a atenção no ”0.1 Geral

Na introdução, a norma defende a importância da capacidade de inovar de uma empresa, um fator-chave para crescimento sustentado, viabilidade econômica, aumento do bem-estar e desenvolvimento da sociedade.

Ainda aqui, fala-se da colaboração necessária para a inovação e da importância de avaliar os contextos para buscar de novas oportunidades. Mas, uma coisa que me chamou muito a atenção foi seguinte parágrafo:

Uma organização pode inovar de maneira mais eficaz e eficiente se todas as atividades necessárias e outros elementos interrelacionados ou interagentes forem gerenciados como um sistema.

Aqui, a norma fala da importância de olhar o todo como um sistema para inovação (algo que acredito) e não como um evento isolado, ou seja, todos os elementos que interagem e estão interrelacionados devem ser tratados como um sistema voltado à inovação.

Outro parágrafo chave para mim é:

Um sistema de gestão da inovação orienta a organização a determinar sua visão, estratégia, política e objetivos de inovação e estabelecer o suporte e os processos necessários para alcançar os resultados pretendidos.

Entendo que, nesse caso, o sistema deve ser estabelecido para suportar e determinar a visão, estratégia políticas e objetivos. Isso reforça o ponto de que a inovação está sendo “planejada”, ou melhor, que o sistema de gestão da inovação será planejado.

Já o surgimento de uma inovação em si, acredito eu, que não pode ser planejado, mas o sistema que fomenta essa inovação sim.

Vou fazer um adendo aqui, pois o meu chefe Davidson, editor e colunista aqui do blog, ao revisar meu artigo, pediu para aprofundar.

O que quero explicar é que você pode planejar um sistema que possa gerar inovações, mas planejar uma inovação específica eu acho praticamente impossível, se você conseguir planejar exatamente a inovação que você quer, ela não terá incerteza, e se não tem nenhuma incerteza, não é bem uma inovação. Mas planejar um sistema que garanta que você está buscando inovações, isso sim faz sentido.

Benefícios de um sistema de gestão da inovação

A norma também apresenta os principais benefícios da implementação de um sistema de gestão da inovação, são eles:

a) aumento na capacidade de gerenciar incertezas;

b) aumento do crescimento, receita, rentabilidade e competitividade;

c) redução de custos e desperdícios e aumento da produtividade e eficiência de recursos;

d) maior sustentabilidade e resiliência;

e) maior satisfação de usuários, clientes, cidadãos e outras partes interessadas;

f) renovação sustentada do portfólio de ofertas;

g) pessoas engajadas e empoderadas na organização;

h) maior capacidade de atrair parceiros, colaboradores e financiamento;

i) reputação e valorização aprimoradas da organização;

j) facilidade para conformidade de regulamentos e outros requisitos relevantes.

 

Olhando para esses objetivos, eu não sei você, mas se eu conseguir 3 desses implementando a norma, já fico muito feliz, hehe.

Enfim, continuando. Todos os itens citados como principais benefícios me chamam a atenção, mas quero destacar dois pontos:

  • a) aumento na capacidade de gerenciar incertezas

Faz muito sentido isso, “capacidade de gerir as incertezas”, ou seja, atuar com elas, não as eliminar. Se é inovação DEVE ter incerteza envolvida!

  • f) renovação sustentada do portifólio

Esse é um ponto que eu adoro abordar, o sucesso de ontem não garante futuro. E com uma renovação do portfólio de maneira sustentada, sua empresa estará sempre com novos produtos e serviços prontos para serem entregues. Quem não quer isso?

Ainda estamos falando da introdução, mas a norma já deixa claro à que veio e cria uma boa expectativa. Ao ler a introdução eu já fiquei com vontade de estudar o assunto.

0.2 Princípios da gestão da inovação

Nesta seção, a norma apresenta uma série de princípios da gestão da inovação, afirma ainda que cada princípio terá uma justificativa e porque o princípio é importante para a organização.

A norma sugere que a empresa poderia aplicar e evoluir em cada princípio, porém, nessa seção isso não aparece detalhado. Pelo que pude ver, os princípios voltam a aparecer na norma ISO 56000:2019 – Fundamentos e Vocabulário, que até esse momento não foi publicada oficialmente.

Mas a norma apresenta os princípios que entende como base do sistema de gestão da inovação, fiz a questão de colocar eles em inglês com uma tradução livre na frente:

a)           realization of value; (Realização de Valor)
b)           future-focused leaders; (Liderança inspiradora / transformadora)
c)            strategic direction; (Direção Estratégica)
d)           culture; (Cultura)
e)            exploiting insights; (exploração de insights)
f)            managing uncertainty (Gestão da incerteza)
g)           adaptability; (Adaptabilidade)
h)           systems approach (abordagem de sistemas – gestão por processos)

Ao fim da lista, a norma diz que estes princípios podem ser considerados como um conjunto aberto que pode ser integrado e adaptado. O que significa que cada empresa poderá adaptar esses princípios às suas linhas de trabalho.

A ISO 56002:2019 é um bom começo

É um bom começo, gostei do que estudei e consigo ver sinergia entre os princípios e os benefícios que a norma apresenta.

Os princípios me chamaram muita atenção pela modernidade, em alguns pontos me lembrando muito do MEG® quando fala de gestão por processos, realização de valor e liderança inspiradora, além de cultura.

Confesso que senti falta de algo ligado a gestão do conhecimento, mas talvez isso parta do princípio e) exploração de insights ou das outras normas da família que ainda não estudei.

Avaliação final? Até aqui, a norma ISO 56002:2019 me deixa instigado a estudar mais, me parece um bom material. Ainda temos muito por ver, e por isso vou encerrar o artigo, já está enorme! É possível ver conexão do que apresentamos até agora com empresas inovadoras que conheço e com as demandas que tenho diariamente aqui no nosso sistema de gestão.

Mas agora, me diz, aí na sua empresa, uma introdução dessas leva você a pensar na inovação?

Sobre o autor (a)

5 comentários em “ISO 56002:2019 – Gestão da Inovação: Introdução (Parte 1)”

  1. Tatiana Fiuza

    Jeison, obrigada por compartilhar sobre a norma! Interessante olhar para a perspectiva de que não devemos pensar a inovação na ponta, mas um sistema. Ainda há muita gente que pensa que inovação cai de árvore kkk
    Você diz que sentiu falta da gestão do conhecimento e isso é fundamental, tanto para gerenciar banco de ideias, como gerenciar pesquisas semelhantes que determinada empresa pode apoiar em universidades.

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