Cofundador da EDX Consultores, responsável pelos produtos da área de Estratégia & Gestão e de Gestão. Atua há mais de vinte e cinco anos como consultor, desenvolvendo projetos junto a organizações dos segmentos de serviços (com destaque para as áreas de saúde, educação e logística), industrial (empresas dos ramos automotivo, eletroeletrônico e metalomecânico), do agronegócio, do saneamento básico e da mineração, apoiando-as na implantação de ferramentas de Gestão Estratégica (Planejamento Estratégico, BSC e Gestão do Conhecimento, entre outros).
ESG: um diferencial competitivo que as empresas precisam compreender bem!
Um dos temas mais debatidos no mundo empresarial nos dias de hoje é o ESG, sigla em inglês referente a Environmental, Social and Governance. (em tradução livre: Ambiental, Social e Governança).
Este é o primeiro de quatro artigos aqui no Blog da Qualidade que abordarão o tema e ajudarão você e sua empresa a pensar no ESG como um dos pilares de sua Estratégia para os próximos anos. Vamos contextualizar o tema e falar de suas origens.
Nos próximos três artigos vamos falar sobre os eixos que compõem o ESG (ambiental, social e de governança corporativa) e como a correta abordagem de cada um deles poderá tornar sua empresa mais preparada para o novo mundo dos negócios que vem surgindo.
O que é ESG ? E quais são suas origens?
O conceito do ESG não é novo; ele se confunde com o facilmente com sustentabilidade.
Vamos por partes…
Desde que o mundo é mundo, a humanidade influencia e interfere a vida na Terra. Algumas interferências diretas têm impactos negativos nos ecossistemas que compõem a biodiversidade no planeta. As mudanças climáticas, que todos vivenciamos hoje, talvez sejam o aspecto mais emblemático desses impactos.
Nesse contexto, em meados da década de 1980 o conceito de “Desenvolvimento Sustentável” começou a ser disseminado mundo afora. A definição clássica para ele é, em tradução livre do inglês, “o desenvolvimento que atende às necessidades do presente sem comprometer a capacidade das gerações futuras de atender às suas próprias necessidades”, de acordo com a Brundtland Commission (organização independente, criada naquela mesma década pela ONU para unir os países em torno do tema).
Já no início dos anos 1990, a ECO-92 (Conferência em Meio Ambiente e Desenvolvimento), ocorrida no Rio de Janeiro, permitiu que mais de cento e cinquenta países iniciassem o desenho de um modelo que reunisse desenvolvimento econômico e preservação ambiental. Duas das consequências mais recentes da ECO-92 são o Acordo de Paris, celebrado em 2015, e a COP-26 (Conference of the Parties), realizada em 2021 na Escócia.
Por outro lado, o conceito de “Responsabilidade Social” no âmbito das empresas tem sua origem na década de 1970 a partir de um enfoque estruturado, ligado às estratégias de grandes organizações. Mais recentemente, nas décadas de 1990 e 2000, o tema passou a ser considerado na forma de atuação das organizações que levam em conta as necessidades e expectativas de outras partes interessadas pertinentes, que vão além de seus clientes, executivos e acionistas.
E a Governança Corporativa? Onde entra nesse desenho?
O conceito foi desenvolvido também nos anos 1970, como forma de estabelecer regras e mecanismos para que o relacionamento de uma dada organização e seus executivos e acionistas com as demais partes interessadas fosse baseado em alguns princípios fundamentais: transparência, equidade, prestação de contas (accountability) e responsabilidade corporativa (em uma definição mais atual desses princípios, de acordo com o IBGC – Instituto Brasileiro de Governança Corporativa).
Reunido tudo isso em um mesmo conceito, o termo ESG foi criado no início dos anos 2000 como uma forma de chamar a atenção de investidores, analistas econômicos e outros players do mercado para a necessidade de integração das questões ambientais, sociais e de governança corporativa, em relação à viabilidade de novos empreendimentos e à mitigação de seus impactos negativos ao seu redor.
Por que o ESG é a bola da vez?
Na sua essência, o ESG é um conjunto de três pilares que ajudam a dar forma ao conceito de sustentabilidade e, por consequência, ao próprio conceito de “Desenvolvimento Sustentável”.
De fato, o desempenho de uma organização deve ir muito além do foco nos resultados econômico-financeiros do negócio, mas precisam considerar os impactos socioambientais de sua operação, com destaque para seu papel no desenvolvimento da própria sociedade, ampliando a atenção às demais partes interessadas, que vão muito além de seus acionistas e a necessidade de remuneração do capital empregado.
O ESG ajuda na formação dessa visão mais abrangente, levando as organizações a adotar as melhores práticas ambientais, sociais e de governança, propiciando a elas, em última análise, uma vantagem competitiva em relação a seus concorrentes, bem como acesso a novos mercados e investimentos.
Importante: ESG é um tema que pode (e deve) ser trabalhado por toda organização que quer crescer em um mundo cada vez mais antenado com as questões socioambientais, qualquer que seja seu porte ou segmento!
Ops… Falta um “C” no ESG!
Depois de tudo o que foi escrito, vamos pensar juntos:
- Environmental = ambiental (um adjetivo)
- Social (outro adjetivo, grafado da mesma forma em inglês e português)
- Governance = governança (um substantivo).
Dessa forma, ainda no idioma inglês, “governance” é um substantivo qualificado por “environmental” e “social“, ou seja, “governança ambiental e social”, em tradução livre.
Ocorre que, segundo a Wikipedia, em inglês, #ESG significa “Environmental, Social and Corporate Governance”. Já em português, teríamos Governança Ambiental, Social e Corporativa (GASC), outra vez em tradução livre.
Assim sendo, ao invés de ASG, poderíamos adotar em português a sigla GASC. Além de maior clareza, teríamos uma sigla 100% tupiniquim que, antes de mais nada, respeitaria a relação gramatical entre um substantivo e os três adjetivos que o qualificam. É sobre cada um desses adjetivos que vamos conversar nos próximos três textos.
O que você achou do tema? Comente, debata, deixe sua opinião!
A gente se encontra de novo nos próximos artigos!
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3 comentários em “Você sabe o que é ESG?”
Muito bem observado a falta do “C” na sigla em português ! Tem toda uma lógica linguística !
boa tarde!
Tá, mas como implantar isso em qualquer micro empresa? Sendo simples e não burocrático como tudo!…Como dar os primeiros passos em qualquer instituição o empresa? Uma simples reciclagem já conta como ponto positivo para EsG?
Marcos:
Muito obrigado pela sua pergunta! Ela é muito pertinente!
A adoção de práticas ESG é possível em qualquer empresa, de qualquer segmento, qualquer que seja seu porte.
Em minha opinião, não podemos cair na armadilha de achar que a adoção dessas práticas seja somente para agradar o mercado e buscar financiamentos “verdes”. ESG tem que ser uma filosofia!
Para mim, o ideal é pensar no ESG como uma gigante oportunidade para qualquer empresa gerir estrategicamente seu relacionamento com suas partes interessadas. Toda empresa tem partes interessadas: donos/acionistas/cotistas, clientes, fornecedores, Governo, meio ambiente… Se pensarmos que os três eixos do ESG estão presentes, em maior ou menor grau, em todos os relacionamentos de uma empresa com essas partes, o próximo passo é: o que podemos ter de valor compartilhado com cada uma delas? Aqui a ideia é mapear quem são e o que pensam/querem as partes interessadas.
Esse deveria ser o driver motivador do ESG: todos (empresas) se relacionando com todos (partes interessadas), a partir da construção dos valores que vão compartilhar. Esse conceito de valor compartilhado nem é novo! Peter Drucker já falava dele há anos!
Em minha opinião, é disso que se trata: gerir os relacionamentos com TODAS as partes interessadas! E não ficar “bonito na foto” pro mercado gostar de você… Isso é um dos infames “washings” que tanto vemos por aí.
O que Você acha? Faz sentido isso pra Você?