Para começar este artigo, gostaria de lembrar aqui o que diz a norma ISO 9001:2015 sobre contexto da organização. Não que a ideia seja restringirmos nossa mente ao que a norma diz, mas é importante que o direcionamento da norma esteja bem claro para nós.
O Contexto da organização é abordado no subitem 4.1 da norma ISO 9001:2015 e diz o seguinte:
“A organização deve determinar questões externas e internas que sejam pertinentes para o seu propósito e para seu direcionamento estratégico e que afetem sua capacidade de alcançar o(s) resultado(s) pretendido(s) de seu Sistema de gestão da qualidade”.
Neste artigo, vamos centralizar a conversa em dois assuntos que são relacionados entre si e se bem conduzidos elevam o nível das decisões na sua empresa, que são: contexto da organização e pensamento baseado em riscos.
O assunto Contexto da organização, totalmente novo nesta última versão da norma, tem como um dos objetivos que as organizações planejem seus Sistemas de Gestão da Qualidade utilizando a abordagem por processos.
Já, o pensamento baseado em risco não é novo, certo pessoal? Se você pensa que ele é novo, provavelmente ele esteja tão automático na sua rotina, nas suas atividades de trabalho e pessoais que você nem percebe que o pratica.
O conceito já vinha implicitamente sendo abordado nas versões anteriores ao falar das ações preventivas para eliminar não conformidades potenciais e, é abordado em todas as normas ISO de gestão.
Pensamento baseado em risco é um conceito que permeia todos os aspectos da nossa vida, tal como a decisão de fazer um seguro de carro, fazer uma previdência privada, entre outros.
O mesmo ocorre dentro das organizações. Por isso, você vê a abordagem de risco permeando diversos itens da norma, desde o início tornando ações preventivas parte do planejamento estratégico.
Para tratar desses 2 assuntos, vamos dividir o subitem 4.1 da norma em duas partes:
Primeira Parte
“A organização deve determinar questões externas e internas que sejam pertinentes para o seu propósito e para seu direcionamento estratégico…”
Se a empresa não possui um Planejamento estratégico formatado, um método que pode ser utilizado para entendimento do contexto da organização é o SWOT. Esse método possui uma característica peculiar que nos estimula a pensar nos riscos estratégicos, principalmente, ao falarmos dos pontos fracos (questões internas negativas) e ameaças (questões externas negativas).
Eu gosto bastante! É de fácil entendimento e aplicação. Sabe quando o menos é mais?
Porém, basta ter pensamento baseado em risco ao falar de contexto e estratégia do negócio?
Quantas vezes, os colaboradores não tentam nos convencer que eles conduzem suas atividades com pensamento baseado em risco? Porém, não sabem dizer concretamente o que estão fazendo:
- Para que o risco não ocorra de fato
- Para reduzir o número de recorrências
- Para monitorá-los
O risco se materializa, uma vez que nos expomos a ele. Por exemplo: ao chegarmos muito próximo de uma onça.
No entanto, ações são necessárias para que ele (o risco) não se concretize gerando os efeitos negativos, por exemplo: utilização de jaulas e placas de comunicação para que se mantenham afastados.
Nesse sentido, é importante ressalvar que as ações precisam ser coerentes com a estratégia adotada para tratar os riscos (aceitar, mitigar, eliminar ou transferir). Caso contrário, os riscos perdurarão com o mesmo status “a quo”, não surtindo resultados para o negócio.
O contexto da organização é mutável, portanto, os riscos mudam também conforme alterações no contexto. Por isso, é recomendável que o contexto da organização seja revisitado periodicamente.
Não ter uma metodologia estruturada e com critérios definidos junto com a Alta Direção é um dos fatores críticos de sucesso para uma gestão de riscos robusta e que contribua para os resultados do negócio.
Pasme! Mas quanto mais a gestão de riscos for estruturada, com critérios claros e de fácil entendimento, melhor será a capacidade de se antecipar ao que pode dar errado.
Segunda parte:
“…e que afetem sua capacidade de alcançar o(s) resultado(s) pretendido(s) de seu Sistema de gestão da qualidade”.
Relembrando que um dos objetivos do item sobre contexto da organização é fazer com que as organizações planejem seus Sistemas de gestão da qualidade utilizando a abordagem por processos.
Também falei mais acima que vemos a abordagem de riscos permeando em diversos itens da norma.
Se todo processo tem um objetivo e uma razão de existir, são deles que a norma está falando nesse trecho.
O objetivo é que a organização esteja atenta a todos os fatores que dificultarão ou impedirão de os processos atingirem os resultados pretendidos e cumprirem sua razão de existência.
Assim, como os riscos são analisados no contexto da organização, também é de suma importância para os interesses do negócio (em segundo lugar, para atender a norma), que os riscos dos processos também sejam identificados, analisados, avaliados e tratados conforme os critérios definidos para a gestão dos riscos.
Outros fatores críticos de sucesso para a gestão dos riscos surgem, como:
- Não haver uma liderança na implementação das ações que ficaram estabelecidas;
- Não envolver os gestores e os colaboradores que atuam em cada processo.
Gestão de riscos nada mais é do que tomar decisões sobre o que fazer diante de um risco que você está identificando.
Extrapole o pensamento baseado em risco e tome uma ação. Acredite, não é à toa que uma norma internacional insiste tanto em nos direcionar para prevenção. É assim porque cada vez mais as organizações estão voltadas para alcançar resultados, atingir os objetivos e os riscos estão diretamente ligados a eles.
Desse modo, penso eu, que diante do requisito 4.1 não tem como não haver aproximação e sintonia da Qualidade com a gestão e estratégia do negócio. Se você ainda não sente essa proximidade, algo está errado. Pare e reveja as direções de cada um.
Para concluir, eu convido você a pensar na qualidade das ações que estão sendo tomadas aí na sua empresa. O que está sendo feito para elevar o patamar das ações e dos resultados alcançados?
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