Auditora Líder ISO 9001:2015, ISO 22000:2018 e ISO 31000:2016. Redatora do Blog da Qualidade e Especialista de Comunicação no Qualiex! Eu ajudo profissionais a resolverem problemas de qualidade por meio de tecnologia e acredito que esse é o primeiro passo para uma vida de Excelência. Gosto de rock, desenho animado e vejo qualidade e excelência em tudo isso. Não me leve tão a sério no Twitter, mas se preferir, você também pode me encontrar no Facebook e Linkedin.
Já faz algum tempo que tenho me preocupado em estudar mais sobre a “organização do trabalho”, e venho me dedicando a entender mais sobre o assunto e colocar em prática alguns métodos. Não há uma maneira de fazer isso sem considerar o sistema de gestão em que estamos inseridos!
Há alguns artigos aqui no Blog da Qualidade explicando melhor sistemas de gestão, como: “A causa raiz da má qualidade: sistemas de gestão” ou “Cultura da qualidade: como promover a mudança organizacional? ”, mas além disso, também temos que considerar se o sistema de gestão é complicado ou complexo.
Mas qual a diferença entre complicado e complexo?
Complicado é um adjetivo, que se considerarmos a língua portuguesa está relacionado a algo que “há confusão; cuja compreensão é difícil; que não é fácil de se apreender; complexo”.
Complexo também é um adjetivo, mas que é definido como “construção composta de numerosos elementos interligados ou que funcionam como um todo” e “componentes funcionam entre si em numerosas relações de interdependência ou de subordinação, de apreensão muitas vezes difícil pelo intelecto”.
Por mais que pareça a mesma coisa, existe uma diferença em relação a suas interconexões. No campo de estudo científico, essas duas palavras não são adotadas como sinônimos, mas como palavras bem distintas para definir um sistema:
Sistemas simples
Contém partes interagindo e são bem óbvias para qualquer um. São previsíveis e se repetem o tempo todo. Exemplo: sentar no banco do carona num carro. Pegar carona é sempre a mesma coisa, alguém sentará no banco e esperará até chegar ao destino.
Sistemas complicados
Muitas partes operam entre si de maneiras previsíveis, mas o “como funciona” não é visto tão facilmente, a não ser que você seja um especialista no assunto. Exemplo: dirigir um carro, onde, os comandos dados são respondidos, portanto, você tem uma previsibilidade sobre o que vai acontecer. O que você tem que fazer é dar as “ordens certas”
Sistemas complexos
São imprevisíveis, até por que as interações entre as partes mudam constantemente e com as mudanças surgem novos resultados. Exemplo: o tráfego de carros, mudando constantemente em reação ao tempo, acidentes, acontecimentos, entre outras mil coisas.
Por que entender isso é tão importante?
Há uma maneira certa e muitas maneiras erradas de intervir no sistema, e isso dependerá do tipo de sistema que você tem, por isso entender que tipo de sistema você está lidando é fundamental.
Quando a liderança presume que uma organização se trata de sistema complicado, quando na verdade ele é complexo, você verá gerenciamento baseado em ordens diretivas e simples, como dirigir um carro. Um carro, por mais complicado que seja seu funcionamento, tem reações previsíveis: se ligo a chave, ele liga, se desviro a chave ele desliga. Num sistema de gestão complexo, depois de ligar e desligar a chave, você tem um sistema diferente do que tinha antes, pois cada ação cotidiana está mudando o sistema e o tornando melhor ou pior. A liderança que pensa que lida com um sistema complicado, ao invés de complexo, começa implementar ações que:
- tratam as equipes como um todo, ao invés de gerir singularidades, afinal, é bem complicado fazer todo mundo entender a mesma coisa com uma mesma abordagem;
- pensam que existe um conjunto de práticas padrão que pode ser dado através de um curso rápido de 30 minutos e simples, tudo vai ficar bem, até porque, é bem complicado utilizar práticas que funcionam em outras equipes;
- Ignoram a experiência, e acha que o conhecimento teórico é suficiente para fazer um plano detalhado prevendo o tempo que vai demorar e quanto aquilo irá custar, até porque é complicadíssimo elaborar um plano;
- Jogar fora peças fundamentais do sistema pensando estar simplificando o trabalho, simplesmente porque não pode ver ou entender o porquê essas peças são necessárias, afinal, é complicado otimizar processos e custos;
- e entre outras mil coisas que você pode me ajudar a lembrar nos comentários desse texto.
Quando entendemos que uma empresa se trata de um sistema complexo, nos orientamos para aproveitar desse fato. E aí fica claro porque devemos trabalhar a cultura da qualidade através do alinhamento contínuo do propósito individual e organizacional, porque sistemas de gestão que funcionam muito bem tem uma característica marcante: capacidade de auto-organização.
A característica mais maravilhosa de alguns sistemas complexos é a sua capacidade de aprender, diversificar, complexificar, evoluir … Esta capacidade é chamada de auto-organização. (Meadows)
Parece que estamos falando de estabelecer um caos, não? Mas não é nada novo, Deming em seus 14 princípios de gestão explica que:
- Um sistema sempre deverá ter uma finalidade óbvia para todos (propósito)
- Observar e lidar com tudo o que está em volta do sistema
- Expor e entender as variações
- Conquistar conhecimento por meio de estudos e experimentos
- Respeitar cada ser humano
- Conduzi-los por meio de nossas ações e habilidades
A verdade é que apesar de lidarmos com situações complicadas todos os dias, toda organização, você querendo ou não, é um sistema complexo e único, portanto, não existe um jeito que “todo mundo faz” que irá dizer como você deve trabalhar seu sistema organizacional, pelo contrário, O ÚNICO JEITO CERTO de fazer isso é estudar seu sistema e trabalhar o desenvolvimento da sua equipe como pessoas e como profissionais para que sejam competentes o suficiente para se auto organizarem rapidamente quando surgir uma mudança.
Referência:
https://squiretothegiants.wordpress.com/2016/12/01/its-complicated-or-is-it/
7 comentários em “Sistemas de Gestão: complicado ou complexo?”
Show o seu texto Monise.
Sempre me impressionando pela forma leve e impactante de passar sua mensagem.
Muito grata, Nérisson! Fico muito feliz em poder agregar conteúdo relevante para pessoas tão inspiradoras quanto você!
Material de qualidade, realmente, tomamos uma postura da excelência, tudo o que fazemos, seja simples ou complexo se cumprirá da melhor forma, quando não temos a competência, buscaremos a mesma para desenvolver os processos. Grato por compartilhar!
O interessante daquela imagem é que no fim da curva do caminho complexo também tem um precipício, parece que a morte pode ser tardia ou não, mas ela sempre vêm… Ou foi só o jeito que o desenho ficou por algum outro motivo e eu estou aqui filosofando que nem besta kkkkkkkkkkkk