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Por que existe estoque

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Juliana Geremias

Juliana Geremias

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Graduada em Administração de Empresas e MBA em Gestão da Qualidade
"Qualidade é o resultado de um ambiente cultural cuidadosamente construído. Tem que ser o tecido da organização, não parte do tecido." Phil Crosby

Por mais que procuremos técnicas para se trabalhar com estoque zero, eles insistem em existir. Existem porque há uma diferença de ritmo ou de taxa entre o fornecimento e a demanda na produção, ou seja, se o fornecimento de qualquer item ocorresse exatamente no momento em que fosse demandado, o item nunca necessitaria ser estocado.
Uma analogia comum é do tanque de água. Se, no tempo, a taxa de fornecimento de água ao tanque é diferente da taxa de demanda, um tanque de água  (estoque) será necessário para que a demanda seja atendida sem interrupção. Quando a taxa de fornecimento excede a taxa de demanda, o estoque aumenta; quando a taxa de demanda excede a taxa de fornecimento, o estoque diminui. Assim, se uma operação conseguir controlar as taxas de fornecimento e de demanda, também conseguirá reduzir seus níveis de estoque. O estoque é criado para compensar diferenças de ritmo entre fornecimento e demanda, conforme apresentado na figura abaixo.

TIPOS DE ESTOQUE

O desequilíbrio entre as taxas de fornecimento e de demanda levam a operação a diferentes tipos de estoque.

Estoque de segurança (isolador)

Compensa as incertezas relacionadas ao fornecimento e demanda. Por exemplo, uma operação de varejo não consegue prever exatamente a demanda, mesmo que tenha uma ideia de seu nível mais provável. Portanto, sempre vai fazer pedidos em maiores quantidades para manter um nível mínimo de estoque para atender sua demanda, caso seja maior do que a esperada. Da mesma forma, os estoques podem compensar as incertezas do fornecimento e a falta de confiabilidade de alguns fornecedores ou empresas de transporte.

Estoque de ciclo

ocorre quando alguns estágios da operação não podem fornecer simultaneamente todos os itens que produzem. Por exemplo, vamos supor que uma panificadora faça três tipos de pães, que são mais consumidos pelos seus clientes. Devido à natureza dos processos de misturar e assar, somente um tipo de pão pode ser produzido de cada vez. O padeiro tem que produzir cada tipo de pão em fornadas (ou lotes) que devem ser grandes o bastante para satisfazer à demanda. Portanto, mesmo quando a demanda é estabelecida e previsível, sempre haverá algum estoque para compensar o fornecimento irregular de cada tipo de pão. O estoque de ciclo resulta da necessidade de se produzir bens em lotes.

Estoque de desacoplamento

Quando uma operação possui um arranjo físico por processo, os recursos transformados movem-se intermitentemente entre áreas especializadas ou departamentos, que executam operações similares. Cada uma dessas áreas podem ser programadas para trabalhar de forma relativamente independente, visando maximizar a utilização local e a eficiência dos equipamentos e dos funcionários. Desta forma, cada lote de estoque de material em processo junta-se a uma fila, esperando sua vez na programação para o próximo estágio de processamento, o que permite que cada operação seja estabelecida com a velocidade de processamento ótima (tempo de ciclo), independente da velocidade dos processos anteriores e posteriores. Assim, o estoque de desacoplamento cria oportunidade para programação e velocidades de processamento independentes entre os estágios do processo.

Estoque de antecipação

Utilizado quando as flutuações da demanda são significativas mas previsíveis, ou quando as variações de fornecimento são significativas, como para alimentos de safra enlatados, por exemplo.

Estoques de canal (de distribuição)

Esse tipo de estoque existe quando o material não pode ser transportado instantaneamente entre o ponto de fornecimento e o ponto de demanda. Por exemplo: se uma loja de varejo encomenda itens de um de seus fornecedores, o fornecedor vai alocar estoque para a loja de varejo em seu próprio armazém, embalá-lo, carregá-lo em seus caminhões, transportá-lo para o seu destino e descarregá-lo no estoque do varejista. Do momento em que o estoque é alocado (e, portanto, passa a estar indisponível para qualquer outro consumidor) até o momento em que se torna disponível para a loja de varejo, ele passa a ser estoque no canal de distribuição.
Desta forma, vemos que não existe a possibilidade de ignorar os estoques, pois eles são gerados pelo próprio processo e são necessários para suprir eventuais irregularidades que poderão ocorrer.
 

REFERÊNCIA
SLACK, Nigel. CHAMBERS, Stuart. JOHNSTON, Robert. Administração da Produção. São Paulo: Atlas, 2009.

 

Sobre o autor (a)

6 comentários em “Por que existe estoque”

  1. Boa noite.
    O artigo é muito bom, de simples entendimento para todos, leigos ou não no assunto. Mas gostaria de salientar que o conceito de estoque zero, proposto pelo sistema Toyota de produção, inicialmente fora mal entendido por muitos empreendedores nos quais levaram o conceito ao pé da letra (tirando a credibilidade do sistema em questão) e não ao seu real significado que é ter um estoque para poder amortecer e sincronizar as taxas de fornecimento e consumo.

    Obrigado e parabéns pelo texto novamente.

    Att.,
    Pedro

  2. queria poder te conhecer para trocarmos ideias sobre o assunto, e até mesmo poderiamos escrever um livro com as minhas e as suas ideias maravilhosas,já adoro voce

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