Sou co-fundador da ForLogic, hoje atuo com gente, cultura e gestão. Sou um dos criadores do Qualiex, do Qualicast (o 1º Podcast nacional focado em qualidade), criador do Blog da Qualidade (o maior blog sobre Qualidade do Brasil). Mestre em Engenharia da Produção pela UTFPR (Universidade Tecnológica Federal do Paraná), auditor líder formado com orgulho pela ATSG na ISO 9001 e 22000, pai, empreendedor, e um inconformado de plantão!
Acredito na responsabilidade do indivíduo, no poder da qualidade e que podemos fazer diferente. Me acompanhe no Linkedin e no Instagram.
Estou escrevendo esse artigo a pedidos. Pedidos esses que temos recebido aqui no Blog da Qualidade. Vários deles, inclusive, acompanhados de desabafos, cases pessoais e casos práticos. Acredito que isso tenha a ver com conflito de gerações, mas acho que nem tanto assim, e daqui a pouco vou explicar porque.
Um fato: hoje, tem muita gente nova chegando ao mercado e atuando na média gerência (como gostam de chamar), muitas vezes, “gerenciando” um time de pessoas com 10, 15, 20 anos de casa. E é aqui que começa o problema.
Vou desenhar melhor o cenário:
Esse pessoal jovem, moderno, ágil; cheio de expectativas, sonhos e imerso em novas tecnologias são os “chefes” do momento. E, no ambiente de trabalho, esses “chefes” vão se deparar com pessoas maduras, conservadoras, pragmáticas e cheias de experiências (boas e ruins). O que acontece é que essas pessoas maduras acabam por colocar vários pontos contrários às “novas metodologias” que os novos chefes querem adotar.
Eis que está instalado o conflito!
Então o conflito é o problema, certo?
ERRADO! O conflito é a solução, é o motivo real pelo qual esse pessoal mais jovem ganhou destaque em algumas empresas. Conflito só é ruim quando vira confronto, quando o que importa é ganhar do oponente. O conflito que eu quero citar aqui é o embate de ideias, de pensamentos e práticas que são contrapostas umas às outras para chegarmos a um melhor lugar.
Conflito é bom? Ok! Mas como eu faço para ele não virar confronto?
Primeiro ponto: qual o seu perfil? Você é dos jovens, modernos e ágeis ou está mais para os maduros, conservadores e pragmáticos? E isso não tem a ver só com idade! Tem a ver com estilo de vida, momento; talvez até mesmo situação, muitas vezes você estará em um lado do gráfico em uma ocasião e, em outro contexto, assumir um perfil diferente, no lado oposto da tabela.
Sou jovem, moderno, e os caras com 15 anos de casa não me ouvem
Legal, você já pensou no porquê de eles não te ouvirem?
Já devem ter passado por eles 2, 3, 5 gestores que simplesmente não vingaram, não deram certo, mas os caras com 15 anos de casa continuam lá, será que algum desses gestores ouvia o que eles tinham a dizer?
Agora, e você? Você os ouve? Atentamente? De verdade?
Outro fato: todos gostam de participar. Você só chega com suas ideias e joga para eles, ou você pede ideias que levem todos vocês, juntos, a uma conclusão? Ninguém gosta de ser mandado, ainda mais um cara de 20 anos de empresa.
Você já pensou que se o cara está há 20 anos aí na sua empresa, ele tem algum valor? Que talvez você esteja bastante cego pelos seus pré-conceitos (ou até mesmo preconceitos). Como diria o Raul Seixas, é sempre mais fácil achar que a culpa é do outro.
Sou experiente, conheço o trabalho, e esses novatos só inventam moda
Você sabe o que funcionou, com certeza, mas sabe tudo que vai funcionar, hoje amanhã e sempre? Você já não foi jovem também? Não “inventou moda”? Muito provavelmente isso te trouxe até aqui. Suas experiências servem sim para separar o joio do trigo, mas, se você nunca vê trigo algum, o problema é você!
Como você responde? Negando e boicotando ou perguntando de verdade? Faça as perguntas certas, nenhuma idiotice resiste a uma boa pergunta. Você precisa lembrar que jovens têm pressa, e esse é o estilo da juventude. Mas será que essa pressa não gera inovação? E será que inovações não são mesmo bem-vindas?
Jovem ou experiente, sou alguém que quer melhorar a empresa em que trabalha!
A chave para resolver esse conflito é a colaboração. Agora, o grande segredo é a sua disposição em colaborar, a sua pré-disposição em ajudar as pessoas. E isso tem de partir de você, não do outro. Eu tenho certeza que tem gente que não colabora, e sabe como você faz? Colabora com essa pessoa mais ainda, até ela não ter coragem de não ajudar mais.
Se você valorizar o cara mais experiente; ouvir de verdade; recuar quando for o caso; agradecer; envolvê-lo de verdade… ele vai participar. Todos querem melhorar.
Se você ajudar o cara mais novo a entender o que realmente não pode ser feito; apontar caminhos não tentados ainda; se comprometer com a mudança… você vai ser sempre fonte de inspiração e consulta.
E se os dinossauros estiverem guiando os antenados?
Um cara com 20 anos de casa gerindo uma recém-chegada equipe de jovens funciona exatamente do mesmo jeito. Se você for um bom líder, vai dar espaço para que os caras criem, inovem, quebrem a cara (onde e quando isso puder acontecer sem grandes danos) e vai usar o conflito para promover conversas enriquecedoras, conversas em que todos aprendam.
Para pôr um ponto final
Se você se ofendeu com algum dos apelidos e brincadeiras (dinossauro, antenados, jovens, maduros, novatos) me desculpe, não foi minha intenção ofender ninguém. Mas vai uma dica: você tem um problema, porque esses termos são usados todos os dias, você gostando ou não, sabendo ou não.
Empresa boa é aquela onde existe espaço para diálogo, porque o diálogo ajuda as pessoas a entenderem umas às outras. E são as pessoas que mais conseguem se colocar no lugar das outras é que mais colaboram.
Agora, se você acha que não tem jeito, que o outros são mesmo uns estúpidos, se você não pretende ouvir ou debater, eu desconfio que você não entendeu a mensagem, e recomendo que mantenha seu currículo atualizado.