Graduada em Administração de Empresas, MBA em Gestão da Qualidade e Auditora Líder ISO 9001. "Qualidade é o resultado de um ambiente cultural cuidadosamente construído. Tem que ser o tecido da organização, não parte do tecido." Phil Crosby
Você certamente já ouviu falar em Ciclo PDCA, certo? Essa é uma das metodologias mais utilizadas para executar planejamentos estratégicos, aprimorar processos e solucionar problemas.
Por esse motivo, vou explorar detalhadamente esse método. Então se você ainda não está familiarizado com ele, fique tranquilo, pois iremos apresentá-lo de forma simples e com direito a exemplos.
Neste artigo, exploraremos em profundidade o significado, a aplicação e os benefícios do PDCA na gestão moderna. Analisaremos como essa abordagem estruturada pode impulsionar a eficiência operacional, elevar a satisfação do cliente e fortalecer a posição competitiva de uma organização.
O que é o Ciclo PDCA?
Embora alguns definam o ciclo PDCA como uma ferramenta, na verdade ele é um método de ações repetitivas composto por 4 passos, os quais encontram-se na sigla. É um ciclo virtuoso que permeia todas as etapas da gestão, desde a identificação de oportunidades de aprimoramento até a implementação de soluções eficazes. Só para ilustrar:
O ciclo PDCA é um processo cíclico e iterativo, ou seja, uma vez concluída uma iteração do ciclo, inicia-se uma nova sequência de planejamento, execução, verificação e ação, com o objetivo de promover melhorias contínuas e progressivas.
Essa abordagem sistemática e estruturada permite que as organizações identifiquem oportunidades de aprimoramento, eliminem desperdícios, reduzam falhas e alcancem níveis mais elevados de eficiência, qualidade e satisfação do cliente.
Quais são as quatro etapas que constituem o PDCA?
O PDCA, também conhecido como Ciclo PDCA ou Ciclo de Deming, é uma metodologia de gestão que visa promover a melhoria contínua nos processos, produtos e serviços de uma organização. A sigla PDCA corresponde às quatro etapas do ciclo: Plan (Planejar), Do (Executar ou Fazer), Check (Verificar) e Act (Agir ou Ajustar).
1- PLAN: Planejar
Aqui é onde os processos para a obtenção das metas, devem ser definidos. É válido, começar com uma pequena amostra para testar os possíveis efeitos. Nesta fase, são estabelecidos os objetivos e metas a serem alcançados, bem como são identificadas as ações necessárias para atingir tais objetivos. É o momento de analisar o contexto, definir as estratégias e elaborar um plano de ação detalhado.
2 – DO: Fazer
Aqui, o plano elaborado na fase de planejamento é colocado em prática. As atividades são executadas conforme o planejado, seguindo as diretrizes estabelecidas. Esta etapa envolve a alocação de recursos, a implementação de processos e a realização das tarefas conforme o cronograma definido.
Antes de iniciar a fase é necessário educar e treinar todos os envolvidos no processo para garantir que todos estejam comprometidos e tudo saia conforme o planejamento.
3- CHECK: Verificar
Após a execução das atividades, é fundamental avaliar os resultados obtidos em relação aos objetivos estabelecidos. Nesta fase, são realizadas medições, análises e avaliações para verificar se as ações implementadas estão gerando os resultados esperados.
É um momento de comparação entre o planejado e o realizado, identificando eventuais desvios e oportunidades de melhoria. Onde se estuda os resultados com os dados coletados no passo anterior, comparando-os aos resultados esperados.
Por sua vez, nessa etapa devemos nos atentar se há desvios na aplicação do plano. De acordo com Vieira Filho em Gestão da Qualidade Total:
“esta é uma etapa puramente gerencial, que verifica se o que foi executado está de acordo com as metas estabelecidas.
Na etapa anterior, são coletados dados das ações e estes dados são analisados nesta etapa e comparados com o planejado.”
4 – ACT: Agir
Com base nas informações obtidas na etapa de verificação, são tomadas as medidas corretivas necessárias para ajustar e aprimorar o processo. Se os resultados estiverem de acordo com as expectativas, as práticas bem-sucedidas são padronizadas e disseminadas. Caso contrário, são identificadas as causas dos problemas e são implementadas ações corretivas para evitar sua recorrência.
Se o que foi executado estiver de acordo com os objetivos planejados, deve-se padronizar a solução.
Qual é a origem do Ciclo PDCA?
O PDCA foi criado em meados 1939 pelo físico, engenheiro e estatístico Walter Andrew Shewhart, mas foi popularizado pelo estatístico Willian Edwards Deming. Por isso, Deming sempre se referiu ao método como Ciclo de Shewhart. O físico criou o ciclo baseado nas Etapas do Método Científico formulado em 1920 por Francis Bacon.
Resumidamente, o Método de Bacon tinha como principal característica a “hipótese”, o “experimento” e a “avaliação” o seu princípio fundamental era a iteração (repetição).
Desse modo, a medida em que uma hipótese é confirmada (ou negada), a repetição na execução do ciclo de aprendizado amplia e aprofunda limites do conhecimento sobre um objeto ou procedimento, por certo o princípio do Ciclo PDCA.
Se você quiser saber sobre quem foi William Deming e seu princípio que fala sobre melhoria contínua, assista ao episódios especial do Qualicast:
Mas afinal, Qual o objetivo do PDCA?
O principal objetivo do PDCA é promover a melhoria contínua nos processos, produtos e serviços de uma organização.
Quando aplicado junto ao Sistema de Gestão da Qualidade ele ajuda a implementar ações para assegurar a operação e controle dos processos produtivos, na eliminação de não conformidades, em ações corretivas e em Ações preventivas. Ele visa:
1- Identificar oportunidades de melhoria:
O PDCA permite que as organizações identifiquem áreas onde podem melhorar seus processos, produtos ou serviços. Isso pode incluir a redução de custos, aumento da eficiência operacional, otimização da qualidade e satisfação do cliente, entre outros.
2- Implementar mudanças de forma estruturada:
Ao planejar cuidadosamente as ações a serem tomadas, o PDCA ajuda as organizações a implementar mudanças de maneira estruturada e organizada.
Isso inclui definir metas claras, estabelecer planos de ação detalhados e alocar recursos adequadamente.
4- Monitorar e avaliar resultados:
Através da fase de Verificação, o PDCA permite que as organizações monitorem e avaliem os resultados das mudanças implementadas.
Isso envolve a coleta e análise de dados, medição de desempenho e comparação dos resultados obtidos com os objetivos estabelecidos.
5- Corrigir falhas e ajustar processos:
Com base na avaliação dos resultados, o PDCA permite que as organizações identifiquem falhas, problemas ou desvios e tomem medidas corretivas para corrigi-los.
Essas ações corretivas visam garantir que os processos continuem a melhorar e que os objetivos sejam alcançados de maneira eficaz.
6- Estabelecer uma cultura de melhoria contínua:
Ao promover a repetição sistemática do ciclo de PDCA, as organizações podem desenvolver uma cultura de melhoria contínua, onde a busca pela excelência e a inovação são incentivadas e valorizadas em todos os níveis da organização.
Como se aplica o ciclo PDCA?
O ciclo PDCA pode ser aplicado facilmente em qualquer contexto da organização. No nosso exemplo a empresa não está conseguindo atingir a meta de novos clientes e recebe muitos feedbacks negativos referente a: “atendimento ao cliente”.
O objetivo é melhorar o atendimento aos clientes.
Para tentar corrigir esse ponto, o gerente deverá desenvolver um ciclo PDCA para reduzir a insatisfação e criar uma dinâmica de atendimento mais eficiente.
Nota: Dividimos o ciclo em 9 etapas para melhorar a explicação. Abaixo trago a imagem ilustrativa do Ciclo, para o exemplo que vamos demonstrar:
Ciclo PDCA passo a passo:
1º P -Plan – Para facilitar dividimos em 6 etapas, são elas:
- Definir o resultado – é o famoso “Onde se quer chegar”. Nesse caso o objetivo é melhoria do atendimento. Então o resultado deve focar no aprendizado e conscientização da equipe em fazer um bom atendimento, para conquistar novos clientes e manter os que tem.
- Envolver pessoas – a princípio, um bom exemplo é questionar os colaboradores dentro das experiências de cada um. Por exemplo, você pode perguntar “o que é um bom atendimento?” – É importante anotar as contribuições!
- Resumo – agrupar as percepções sempre validando com a equipe. Por exemplo, se alguns disserem que bom atendimento é quando o atendente é simpático e outras dizem que é quando o atendente sorri, então você deve perguntar “quando vocês falaram que o bom atendimento é quando o atendente sorri, vocês queriam dizer que “é quando ele é simpático?”. Se a equipe confirma então agrupa como simpatia.
- Fatos & Dados –Trazer uma informação neutra para enriquecer a reunião, é importante que não seja a opinião de quem está guiando o processo. Pode ser depoimento de cliente, alguma situação que ocorreu ou um artigo, texto de livros entre outros.
- Momento Eureka– Aqui as pessoas entendem que não estão fazendo aquilo que elas acreditam que sejam o certo. Aqui temos que validar se a “ficha” realmente caiu. Aqui podemos nos apoiar em uma pergunta “Poque nossos clientes estão falando mal do nosso atendimento?”, ou “o que vocês acharam do conteúdo apresentado?”.
- Como – Aqui se levanta quais os planos de ação serão necessários para alcançarmos o resultado. Levando em conta nosso exemplo, podemos definir um novo comportamento para alcançar o resultado, como por exemplo “vamos sorrir e dar bom dia para todos os clientes”
Estimule a participação das pessoas, segure sua opinião, conduza da forma com que o resultado esperado seja mencionado. E ainda, é nessa fase que se define responsáveis e prazos de entrega. Como essa etapa é a mais longa segue uma breve ilustração:
2º D – Fazer
- Prática– Aqui é a fase de teste das ações definidas na etapa anterior. Verificamos, também, se o comportamento estipulado alterou a rotina da organização.
Lembre-se que é necessário educar e treinar todos os envolvidos no processo garantindo assim o comprometimento de todos para o alcance dos resultados.
3º C – Checar
- O Checar é a verificação das ações. Resumindo, a etapa faz a mensuração em relação aos resultados, se foram satisfatórios ou não.
4º A – Agir
- Verificação – Se o resultado for satisfatório, incorpora a ação no processo. No entanto, se o resultado não for satisfatório, faz-se as correções necessárias para voltar ao ciclo.
Nota: Nessa fase que se faz a retrospectiva do processo
O sucesso na aplicação do ciclo dependerá de um monitoramento criterioso do gerente de vendas. Dessa forma, o gerente deve lembrar, sempre, a equipe no que se refere ao cumprimento de cada etapa nova.
Assim, ao final do período, quando as pesquisas de feedback do cliente forem analisadas, será possível verificar o sucesso conquistado com o PDCA e se o processo pode continuar dessa maneira.
Variações do Ciclo PDCA
O PDCA também sofreu algumas variações com o passar do tempo, como por exemplo:
- OPDCA – Onde “O” significa observação ou como algumas versões dizem “Observe a situação atual”;
- PDSA – Aqui a etapa Check é substituída por Study (estudar). A mudança foi proposta pelo próprio Deming com o objetivo de aprofundar as análises feitas na 3ª etapa do ciclo, tornando a etapa de verificação mais significativa e estruturada;
- PDCL – O Act é substituído por Learn (Aprender). Assim, a 4° e última etapa do ciclo é consiste no aprendizado;
- SDSA – Nessa variação o método teve mais alterações, onde o Plan (Planejar) dá lugar ao Standart (Padronizar) e o Check é substituído pelo Study (Estudar). Aqui, o objetivo do ciclo é implantar modificações de processos, então a primeira etapa é a padronização das novas rotinas e procedimentos, ou até mesmo das atividades executadas dentro de um processo. Após a padronização, o processo roda normalmente voltando ao Study (Estudar). Visto que, o estudar esta mais focado em entender se as mudanças deram certo visando sempre a melhoria contínua.
Métodos semelhantes ao Ciclo de Deming
Do mesmo modo que aconteceu com as variações, também, surgiram alguns métodos bem parecidos com o PDCA, acredita-se que eles têm a mesma origem, o que justifica a semelhança, são elas:
DMAIC –muito utilizada em projetos, pois torna possível o aumento da produtividade e a redução de custos visando sempre a melhoria dos processos administrativos.
A sigla significa: Definir, Medir, Analisar, Implementar e Controlar.
8 D ou 8 Disciplinas – muito utilizada para solução de problemas que ocorrem em produtos ou processos de produção, com o objetivo de identificar e eliminar problemas recorrentes.
MASP – contribui em Análise e Soluções de Problemas. Em resumo, trata-se de um roteiro com objetivo de manter, controlar e aperfeiçoar a qualidade de produtos, processos ou serviços.
Qual a diferença do PDCA e SDCA?
O PDCA (Plan-Do-Check-Act) e o SDCA (Standardize-Do-Check-Act) são duas metodologias relacionadas, mas têm abordagens ligeiramente diferentes na melhoria contínua de processos. Aqui está a diferença entre os dois:
Enquanto o PDCA se concentra na melhoria contínua por meio de ciclos de planejamento, execução, verificação e ação, o SDCA se concentra em garantir a conformidade com os padrões estabelecidos e corrigir desvios ou problemas conforme necessário.
O SDCA é muitas vezes utilizado como um pré-requisito para a implementação do PDCA, ajudando a estabelecer uma base sólida antes de iniciar o ciclo de melhoria contínua.
Veja mais sobre a diferença entre SDCA e PDCA no artigo : PDCA e SDCA: Você Sabe a Diferença? – Blog da Qualidade
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Fontes:
- https://blogdaqualidade.com.br/
- https://academia.viverexcelencia.com.br/
- VIEIRA FILHO, Geraldo (2014). Gestão da Qualidade Total: uma abordagem prática. Campinas: Alínea p24 e 25.
6 comentários em “Ciclo PDCA: Saiba tudo sobre essa metodologia para Gestão!”
Parabéns pelo conteúdo, ótimo site.
Olá Juliana. Gostei do conteúdo sobre a ferramenta PDCA. Por acaso você teria ela para ser usada no computador? Como um arquivo Excel, Word ou software. Um modelo que eu possa preenche-la. Se tiver e puder compartilhar. Meu e-mail é: tiagofruhauf@gmail.com
Olá Tiago, fico feliz por ter gostado. Infelizmente não tenho o ciclo em arquivo para te mandar no momento. Nós temos o ciclo PDCA integrado no nosso software (módulo Planos e Ocorrências). Mas gostei da sugestão de disponibilizar uma planilha modelo, vou verificar com o pessoal a possibilidade de fazer e disponibilizar. Dando certo disponibilizo no artigo e mando no seu e-mail.
Excelente trabalho!
Olá, Francisco, fico feliz que tenha gostado 🙂
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