Sou co-fundador da ForLogic, hoje atuo com gente, cultura e gestão. Sou um dos criadores do Qualiex, do Qualicast (o 1º Podcast nacional focado em qualidade), criador do Blog da Qualidade (o maior blog sobre Qualidade do Brasil). Mestre em Engenharia da Produção pela UTFPR (Universidade Tecnológica Federal do Paraná), auditor líder formado com orgulho pela ATSG na ISO 9001 e 22000, pai, empreendedor, e um inconformado de plantão!
Acredito na responsabilidade do indivíduo, no poder da qualidade e que podemos fazer diferente. Me acompanhe no Linkedin e no Instagram.
Existe uma dificuldade em entender o que é qualidade e como ela deveria ser vista. Por isso, hoje, vou falar da forma como a vejo e como encaro os problemas que enfrentamos. Fica uma promessa minha aqui para “expandirmos” esse papo no futuro falando dos gurus e como eles veem isso.
Outro dia eu estava fazendo uma palestra e, logo depois que terminei, veio a famosa “seção de perguntas”. E um questionamento me trouxe até aqui para escrever esse artigo.
A pergunta foi:
– Já tiveram alguma situação em que a empresa precisou “piorar” a qualidade do produto ou serviço para competir em seu mercado alvo?
Agora pergunto para você, qual o problema dessa pergunta? O problema é que existe um erro lógico nessa sentença, ela é impossível de acontecer.
O entendimento errado
Em algum momento nós “estragamos” a palavra qualidade, como fazemos com muitas palavras, como sustentabilidade, propósito, produtividade. Essas coisas, passam “de modo geral” a significar coisas que elas não são.
Essa pergunta surgiu porque a pessoa quis questionar se, para atender o mercado alvo, os produtos e serviços devem ter características para o perfil que a empresa quer atender. Ou seja, você não diminui a qualidade, você modifica algumas características para cumprir requisitos.
Adequação ao uso
Diminuir “qualidade” nesse sentido é mudar as características do produto. E isso é normal, e não deve diminuir em nada a qualidade. Vamos pensar em um liga de metal: se você entrega uma barra de metal que no ensaio resiste 1000 kg, mas ela é usada para sustentação de 30kg, muito provavelmente você está desperdiçando.
A qualidade deve sempre estar adequada ao uso pretendido do produto ou serviço. Não quer dizer que você não possa “entregar mais”, mas isso deve ser percebido, o que nos leva ao próximo ponto.
Geração de valor
A qualidade precisa ser percebida. Se você entrega algo que o cliente não valoriza, desculpe, isso é burrice, não qualidade. A qualidade não diz respeito a quantos atributos o cliente recebe, e sim, ao valor que ele dá para essa entrega.
Se você está tendo que “diminuir a qualidade (leia-se atributos)”, então, o cliente não valoriza isso, não paga por isso. Faz todo sentido, diminuir as características.
Agora, se isso é importante, o cliente valoriza, então ele vai pagar, mas você deve gerar valor para ele. Agora, o que vejo são muitas empresas fazendo as coisas que “elas julgam” como entregar qualidade, quando, na verdade, estão realizando seus caprichos e isso nos conecta com o último ponto que quero trazer.
Qualidade para quem
A qualidade, assim como o propósito da organização, tem seu foco: o cliente, a pessoa que vai ser agraciada com um produto ou serviço excepcional e vai pagar feliz pelo o que você está entregando.
É comum nós (eu me incluo nisso) acreditarmos que sabemos o que é “o melhor” ou que “deve ter” no produto ou serviço, mas a verdade é que os requisitos vêm do cliente e ele deve validar sua proposta de valor.
Ah, vale sempre lembrar que são requisitos explícitos – que ele disse – e os implícitos – que ele espera, mas não te contou.
Sim, é difícil, mas é esse o trabalho da qualidade.
Arrematando com um exemplo
Ficou claro agora porque a frase não faz sentido? Veja, vamos a um exemplo. Precisamos de um bom carro, da qualidade certa, o que tem mais qualidade: Uma Ferrari ou um carro 1.0 popular?
Imagine, a Ferrari é linda, rápida, cheia de botões, um design incrível e um motor potente. Mas antes de responder, você deve se perguntar: Esse carro é para quem? O que gera valor? É proposto para que uso?
Se a resposta for para uma empresa, que preza pela economia de manutenção e cujos funcionários precisam andar bem em estradas esburacadas que temos por aqui, a Ferrari é a pior escolha.
Agora, se for um carro para você que tem um rendimento mensal de R$ 120mil e é solteiro, fique com a Ferrari. (Eu, nem posso pagar a Ferrari, sou pai de família, quero uma minivan 🤣)
Como vocês veem a qualidade?
A qualidade foi e ainda é entendida errada por muita gente, por isso, para colocar sua empresa em um ponto que o resultado venha e a qualidade seja vivida, é preciso ressignificar internamente o que qualidade quer dizer.
Esse texto é muito bom para vocês discutirem, juntos, qualidade, produção, comercial, como vocês veem a qualidade aí?
9 comentários em “O que é qualidade e como ela deve ser vista?”
adorei!!!
Bom dia a todos, muito bom o texto.
Entendo que a qualidade hoje pode ser mais personalizada (dependendo da gama de produtos oferecidos pelas as empresas), saber a necessidade do cliente e o processo de aplicação final são importantes para entrega de um material de maior acertividade e dr grau de satisfação entre cliente e fornecedor. Essa integração entre fornecedor x cliente oferece isso, menos custo de produção para fornecedor, uma vez que se faz apenas ao que cliente precisa e otimo para cliente que consegue ter uma acertividade no seu produto final.
A definição de Qualidade é simples porém como muita coisa as pessoas querem complicar.
Qualidade é algo que se espera atender requisitos de forma eficiente e eficaz. Only this !
Parabéns pelo artigo Jeison.
show
Gostei da abordagem do assunto.
Boa explicação ….
Ehh, e eu tbm não poderia escolher a Ferrari …🤣
Qualidade deve cumprir os requisitos básicos de “bom, bonito e barato”. O produto ou serviço deve entregar aquilo que atenda as necessidades do cliente, tanto as que espera (beleza, durabilidade, praticidade) e também aquelas que nem sempre são perceptíveis, como economia e segurança, por um valor justo.
Excelente, parabens.
Bom texto! Entendo que quando falamos de qualidade, temos a junção de dois elementos: o primeiro, a expectativa dos consumidores
e o segundo a percepção em si do produto ou serviço prestado. O desafio está em entregar algo que atenda ou exceda a expectativa dos clientes
com um preço justo. E mesmo que o preço seja elevado, quando a qualidade do produto/serviço é boa, o cliente faz um esforço, pois, sabe
que está empregando o seu dinheiro em algo com o valor agregado.
Boa tarde,
No meu ponto de vista existem muitas formas/técnicas que utilizam para gerir departamentos de qualidades hj em dia, porém as palavras que tanto se fala “Eficaz e Eficiente” para muitos gestores não andam juntas, infelizmente. Quando eu estou criando métodos e procedimentos para processos tenho como métrica deixá-los mais simples o possível e com fácil entendimento de todos. “Ótimo é inimigo do bom!” Acredito que trabalhando de uma forma contrária a que aplico cria muitas barreiras na execução dos processos. Então referenciando ao assunto acima, o nível de qualidade de um produto/serviço deve sempre ser de alto nível, porém temos que ter muitos cuidados para não extrapolar nos custos de controles, pois este custo irá se refletir no seu cliente, podendo assim ser uma das principais barreiras com seu departamento comercial.
Minha opinião.