Sou co-fundador da ForLogic, hoje atuo com gente, cultura e gestão. Sou um dos criadores do Qualiex, do Qualicast (o 1º Podcast nacional focado em qualidade), criador do Blog da Qualidade (o maior blog sobre Qualidade do Brasil). Mestre em Engenharia da Produção pela UTFPR (Universidade Tecnológica Federal do Paraná), auditor líder formado com orgulho pela ATSG na ISO 9001 e 22000, pai, empreendedor, e um inconformado de plantão!
Acredito na responsabilidade do indivíduo, no poder da qualidade e que podemos fazer diferente. Me acompanhe no Linkedin e no Instagram.
Tive uma encomenda importante do meu time: “chefe, queremos que você escreva um artigo de liderança em tempos de trabalho remoto”. Respondi de bate pronto: “Deixa comigo!” Depois pensei: “Como vou falar sobre liderança, autonomia e ainda de home office?”
A liderança é maior dificuldade de toda organização.
Se você nunca se deu conta disso e descobriu agora depois dessa frase, pra você, esse artigo poderia acabar aqui.
Agora, caso sua empresa ainda não tenha aceito essa dificuldade para atuar sobre isso, vocês têm sérios problemas.
Eu, o Jeison, escrevo e assino isso. A maior dificuldade das organizações hoje, é a ausência de boas lideranças. Falo por mim, ainda não sou o líder que deveria ser.
Por isso eu não sabia do que falar!
Vamos arrumar um líder herói?
A Monise veio ao meu socorro e pra me inspirar, me mandou um artigo do James Lawther do Squark point (recomendo) onde ele fala que não precisamos de líderes heróis.
Precisamos de líderes que saibam que não são invencíveis, que possam ouvir as pessoas próximas e aproveitar os pontos fortes dessas pessoas para melhorar seu repertório. A partir disso, tomar boas decisões.
Tudo isso é verdade! Precisamos de menos heróis e mais líderes eduquem e preparem o seu time.
Liderança e Autonomia
Logo então lembrei dos meus amigos da Metanoia. Que falam que um modelo de liderança, deve abandonar a direção e a persuasão e colocar a atenção em educar e criar autonomia no time.
Quando meu amigo Roberto Tranjan criou o conceito, ele brilhantemente deu um caminho no livro “O Devir”, mas cada líder deve trilhá-lo para chegar lá.
Vários outros autores abordam o tema, gosto em especial de Stephen Bungay, no livro “O melhor ataque é a execução” que fala da importância da pessoa conhecer o motivo do trabalho, para desenvolver esse trabalho com mais autonomia e superar obstáculos que surgirem, e que eles surgem o tempo todo.
Ok, autonomia é importante, mas como fica a liderança e o home office?
Management By Walking Around
Aqui quero juntar alguns pontos…
No seu livro célebre “Saia da Crise”, Deming fala do estilo de liderança denominado por Loyd S. Nelson de “MBWA”, ou Management By Walking Around, uma expressão jocosa para o “estilo de administrar de pessoas que não sabem ao certo o que fazer e ficam andando pela empresa”.
Pode parecer engraçado, mas quantos dos gestores não seguem o WBWA? Fazendo o contrário do que a Metanoia, Deming, Bungay e tantos outros preconizam. São líderes que centralizam toda a decisão em si, ou no mínimo andam pela empresa “gerenciando” cada passo da equipe.
Mantém a empresa como quem empina uma pipa, sempre com as mãos na linha, até dá algum espaço, mas sempre segurando firme.
Isso é o contrário do que qualquer sistema de gestão inteligente precisa. Todos cometemos erros, eu mesmo já fiz coisas do tipo, das quais não me orgulho, e procuro todos os dias estimular a autonomia do time, mantendo o direcionamento claro.
Calma que vou provar porque!
O fim do engano e da política corporativa
Agora em home office, nos deparamos com realidades difíceis. Alguns líderes vão perceber que não sabem liderar, sabiam sim dar ordens, e manter o time sob seu olhar. Liderar pessoas para os resultados é diferente disso.
Outros líderes vão descobrir que algumas pessoas do seu time não contribuem pro resultado. Aquele colaborador muito legal, mas que no fim de uma semana de trabalho, não fez a diferença no resultado da equipe, e agora, isso fica claro.
A política corporativa diminuiu muito. Aquela tática da boa vizinhança, da amizade e da camaradagem, no home office, até existe, mas é menor. Nesses tempos, todos são avaliados pelo que entregam.
E importante: um bom líder consegue avaliar as entregas da equipe.
Bons colaboradores, fazem boas entregas. Sim, já devia ser dessa forma, eu sei, mas o fato é que não era.
Autonomia e o home office
Pessoas que atuam com protagonismo e autonomia se destacam, e é importante deixar claro o que é autonomia.
Eu encaro autonomia como compromisso assumido entre líder e liderado, que deixa claro onde o liderado tem PODER de ação e decisão, sem o dever de consultar ninguém.
Autonomia não significa que a pessoa faz o que quer, e sim, que ela pode fazer o que achar correto nos pontos que foram acordados. Nisso, ela tem o poder de agir, e decidir. Autonomia pressupõe responsabilidade, ou seja, se alguém aceitou autonomia para algo, essa pessoa é responsável pelo resultado daquilo assumiu.
Autonomia não é liberdade nem independência. Autonomia é poder de agir de forma responsável sob um escopo delimitado. Tem algo mais importante que isso nesse momento de home office?
E as lideranças?
As lideranças precisam aprender a esclarecer a autonomia do time nesse momento. Ou seja, temos três coisas essenciais: liderança, autonomia e o home office. Devem demonstrar com clareza o que é esperado, manter as pessoas na direção da missão, do propósito e do cumprimento da visão da empresa.
Necessitam ainda aprender a avaliar os resultados dos seus times e das entregas que fazem, sem perder a empatia. Devem lembrar de educar e construir autonomia o tempo todo.
Lembre-se líder: se alguém do seu time não entrega o resultado, a responsabilidade é sua!
Por fim, o líder agora precisa aprender a ouvir, aprender com o time, conhecer outros pontos de vista para tomar boas decisões e principalmente, cuidar das pessoas. É hora de usar essa oportunidade do home office, para aprender a construir autonomia e liderar pessoas de verdade.
5 comentários em “Liderança, Autonomia e o Home Office”
Artigo maravilhoso Jeison. Obrigada!
Satisfação em saber que conhece o trabalho do professor Roberto Tranjan, tive o prazer conhece-lo pessoalmente e um pouco de sua metodologia, sou uma fã!
Concordo plenamente com você sobre todo artigo, especialmente quando diz …”o líder precisa aprender a ouvir, aprender com o time, conhecer outros pontos de vista para tomar boas decisões”… Sempre apostei numa liderança colaborativa que delega com respeito, compartilha créditos e assume a responsabilidade pela falta de resultados. Acredito que isso mantem a equipe unida, forte e motivada. Fico feliz de saber que estou seguindo pelo caminho dos melhores.
Gratidão 🌻
Olá Josiane, o Roberto é um amigo, e um mestre incrível.
Que bom que gostou do artigo, confesso que foi difícil escrevê-lo, mas é só olhar nos espelho, que reconhecemos aquilo que fazemos errado e certo, e podemos colocar no texto!
Obrigado pelo comentário!
um forte abraço,
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