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Hoshin Kanri: como aplicar no planejamento da qualidade

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Victor Assis

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Graduado em Jornalismo e profissional de Marketing. Apaixonado por contar histórias e criar conexões através da comunicação, faz parte no time de Marketing da ForLogic, gerando conteúdo para aproximar a Qualidade de mais pessoas.

Você sabe como utilizar o hoshin kanri no seu planejamento? Quando chega o período de planejamento estratégico, muitas empresas de Qualidade travam no mesmo ponto: como transformar metas grandes em ações reais, que realmente acontecem no dia a dia?

É exatamente nesse cenário que o hoshin kanri vira uma das metodologias mais importantes na gestão. Neste guia, você vai entender o que é essa metodologia, como funciona, por que ele é essencial para transformar estratégia em execução e como você pode começar com exemplos práticos e dicas claras.

No Qualicast #193, falamos sobre como desdobrar o planejamento estratégico na prática.

O que é Hoshin Kanri?

A origem e o conceito de forma simples

“Hoshin Kanri” é uma expressão japonesa que, traduzida de maneira prática, significa: direção (hoshin) e gestão (kanri). Ou seja, hoshin kanri significa “gestão pela direção”.

É uma forma estruturada de alinhar toda a empresa em torno de poucas prioridades verdadeiramente estratégicas e garantir que elas sejam executadas no chão de fábrica e nas operações.

Em outras palavras: não é só planejar. É planejar, desdobrar, executar, acompanhar e ajustar tudo com disciplina.

Para que serve o Hoshin Kanri na Gestão da Qualidade

Apesar de ser usado por empresas como Toyota e outras referências da manufatura, o hoshin se encaixa perfeitamente em times de Qualidade que precisam:

Em Qualidade, ele resolve dois problemas clássicos:

1. A distância entre a estratégia e a operação

É comum o time de Qualidade ter um plano anual, mas os analistas não sabem o que priorizar, os líderes executam o que conseguem e a diretoria cobra resultados que não aparecem. O hoshin fecha esse “gap”.

2. A falta de disciplina na execução

O método cria uma cadência de acompanhamento que impede que o plano fique obsoleto ou abandonado após alguns meses.

Como funciona o Hoshin Kanri

O hoshin kanri é um ciclo contínuo, que mistura estratégia com PDCA. A seguir, vamos destrinchar cada etapa com exemplos aplicados à Qualidade, para facilitar sua implementação.

1. Defina a direção estratégica

O ponto de partida é simples: o que realmente importa neste ano? E atenção: não é uma lista com 30 metas. O hoshin trabalha com foco.

Por exemplo, uma empresa percebe que sua reincidência de não conformidades cresceu 40% no ano. Isso afeta auditorias, custos internos e satisfação do cliente. A direção estratégica seria: “reduzir drasticamente a reincidência de não conformidades através de melhoria contínua e padronização.”

Perguntas práticas para definir a direção:

  • Quais riscos estratégicos precisamos eliminar?
  • O que, se não for resolvido, trava o crescimento da empresa?
  • Quais indicadores críticos da Qualidade precisam mudar de patamar?
  • O que os clientes estão pedindo que ainda não entregamos?

2. Defina metas anuais

Agora você transforma a direção estratégica em metas mensuráveis e claras.

Regras simples para metas hoshin:

  • Devem ser poucas (3 a 5).
  • Devem ser quantificáveis.
  • Devem ser possíveis de acompanhar mensalmente.

Por exemplo, se o objetivo é reduzir reincidência de NCs, as metas anuais podem ser:

  • Reduzir reincidência geral em 35%.
  • Aumentar taxa de conclusão de planos de ação dentro do prazo para 85%.
  • Implementar análises de causa com 90% de aderência metodológica.

3. Faça o desdobramento

Aqui está um dos elementos mais inteligentes do hoshin: o catchball. Em vez de a liderança simplesmente comunicar as metas, ela inicia uma conversa com as áreas.

É literalmente um jogo de “vai e vem”: a liderança propõe, a equipe analisa e devolve, a liderança revisa e ajusta. Só quando todos concordam, o compromisso é assumido.

Esse processo é fundamental para aumentar engajamento. A operação passa a ter voz na definição de metas e ações, e isso muda completamente a relação com a execução.

No exemplo da reincidência, a Qualidade pode propor ajustes no workflow, enquanto a operação aponta limitações e sugere prioridades. Essa troca evita metas impossíveis e responsabilidades equivocadas.

4. Construção dos planos de ação

As metas estão definidas; agora é hora de torná-las exequíveis. Cada objetivo precisa de um conjunto de ações claras, com responsáveis, prazos e critérios de sucesso.

Um erro comum é listar ações vagas, como “melhorar processos” ou “capacitar equipe”. No hoshin, nada disso funciona. As ações devem ser específicas, como:

  • Implementar trilha de treinamento de análise de causa.
  • Revisar e atualizar instruções de trabalho críticas.
  • Parametrizar o fluxo de ocorrências no sistema.

Além disso, cada ação precisa de um dono. Anota aí: não existe “responsável coletivo”.

5. Conexão entre indicadores e metas

O hoshin se apoia fortemente em dados. Por isso, cada meta deve ter indicadores que permitam monitorar avanço e prever riscos. Aqui entram tanto os indicadores de resultado (lagging) quanto os de desempenho (leading).

No caso da reincidência, o lagging é óbvio: a própria taxa de reincidência. Já os leading indicators podem incluir percentual de planos de ação concluídos no prazo, adesão ao método de análise de causa e frequência de revisão de padrões.

Esses indicadores funcionam como “sensores” e sinalizam se algo vai sair do controle muito antes do resultado final mostrar.

6. Acompanhamento mensal

O acompanhamento é o que transforma o hoshin em uma ferramenta viva. Não é apenas checar números, é criar uma rotina de reflexão sobre o que está funcionando e o que não está.

Nas reuniões mensais, a equipe analisa tendências, identifica barreiras e decide ajustes. Se uma ação não gera efeito, ela pode ser trocada. Se um indicador deixa de fazer sentido, ele pode ser revisado. Essa flexibilidade é uma das maiores forças do método.

Uma boa prática é sempre ter gráficos atualizados e discutir os desvios, não apenas os acertos. É assim que o hoshin evita surpresas desagradáveis no fim do ano.


7. Revisão anual e PDCA estratégico

No encerramento do ciclo, a equipe revisita tudo: o que avançou, o que travou, o que superou expectativas e o que precisará voltar no ano seguinte. Essa análise cria aprendizado organizacional e fortalece a cultura de melhoria contínua.


A revisão anual também alimenta a definição da próxima direção estratégica. O ciclo nunca termina, ele evolui.

Hoshin Kanri e a Qualidade

Para quem trabalha em Qualidade, o hoshin parece quase óbvio. Ele segue a mesma lógica de PDCA, disciplina de processos e orientação por dados. Mas, além disso, o método dá algo que a área normalmente sente falta: influência estratégica.

A Qualidade deixa de ser vista como “auditoria interna” e passa a ser responsável por sustentar prioridades da empresa. O hoshin ajuda a Qualidade a atuar como ponte entre liderança e operação, garantindo que metas realmente se traduzam em melhorias.

Outro ponto importante: a estrutura do hoshin facilita auditorias, revisões de processo e análise crítica. Tudo fica documentado, com histórico e lógica clara.

Bora aplicar o Hoshin Kanri?

Vamos imaginar uma empresa que enfrenta um aumento grande de reclamações de clientes e percebe que seus planos de ação não estão resolvendo o problema.

Direção estratégica:Melhorar significativamente a experiência do cliente, fortalecendo o processo de tratativa de ocorrências.
Metas anuais:Elevar a eficácia dos planos de ação, reduzir reclamações recorrentes e aumentar a satisfação interna com a área de Qualidade.
Catchball:A operação aponta gargalos no fluxo atual, enquanto a Qualidade destaca a necessidade de revisão de padrões e capacitação. O plano final nasce dessa troca.
Planos de ação:Revisão de instruções críticas, criação de trilha de RCA, ajustes no sistema, padronização de handovers e revisão da matriz de riscos associada.
Indicadores:Eficácia de planos, reincidência, aderência metodológica, velocidade de resposta e satisfação interna.
Acompanhamento:Mensal, com revisão de bloqueios e avaliação de tendências.
Revisão anual:Discussão dos impactos, fatores de sucesso, pontos de ajuste e definição do novo foco.


Esse ciclo mostra como o hoshin organiza o caos estratégico em um processo previsível, mensurável e alinhado.


Como começar a aplicar o Hoshin Kanri

Você não precisa implementar o método perfeitamente logo no primeiro ciclo. O erro mais comum é tentar aplicar o método inteiro de uma vez, com dezenas de metas, desdobramentos complexos e indicadores demais. Isso só cria frustração. No início, comece simples:

  • Escolha poucas prioridades estratégicas.
  • Faça uma versão reduzida do catchball com as áreas críticas.
  • Monte metas claras com indicadores acessíveis.
  • Agende reuniões mensais no calendário.
  • Documente tudo, mesmo que seja em uma planilha no início.

O mais importante é criar ritmo e disciplina. O método se torna natural com o tempo.


O Hoshin Kanri como ferramenta de execução

O hoshin kanri é um sistema completo de execução estratégica. Ele cria foco, clareza e compromisso. Ele evita que metas se percam no dia a dia e promove alinhamento. E, o mais importante, ele faz a estratégia acontecer.

Se você está preparando o planejamento do próximo ciclo, este é o momento ideal para começar.

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