Rodolfo Paludeto
Sou Diretor Executivo da Saber Gestão, acredito que Qualidade é o componente que pode transformar o mundo para melhor, por isso meu propósito é tornar a qualidade simples e efetiva para as pessoas. Sou Especialista em Qualidade, Excelência e Gestão, auditor Líder nas normas ISO 9001 / 14001 / 45001, auditor na 17025, mais de 15 anos atuando e construindo a qualidade através de treinamentos, consultorias e mentorias. Me acompanhe no Linkedin e no Instagram.
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Recentemente ouvi de um gestor: “Investimos mais de R$100 mil em treinamentos no último ano, mas não vimos mudança real no resultado.”
Esse é o retrato de muitas organizações. Elas acreditam que estão construindo uma cultura de aprendizado, quando na verdade estão apenas enchendo a agenda de cursos.
E por que isso acontece? Porque confundem quantidade com qualidade, evento com cultura. Treinar é fácil — basta contratar um curso. Mas transformar aprendizado em cultura exige estratégia, liderança e método.
É isso que separa empresas que apenas treinam daquelas que realmente evoluem.
Onde as empresas tropeçam
Na prática, vemos três armadilhas comuns:
1. Treinamento como evento
A empresa promove um curso isolado, sem conexão com metas ou indicadores estratégicos. O efeito é momentâneo, mas não se sustenta. É como regar uma planta uma vez por mês: não importa a quantidade de água, ela vai murchar sem constância.
2. Foco em horas, não em impacto
RH e T&D muitas vezes medem o sucesso pela quantidade de horas de treinamento realizadas. Mas horas não significam transformação. O que importa é se o colaborador aplicou o que aprendeu e se isso gerou resultado.
3. Liderança ausente
Quando líderes apenas autorizam treinamentos, mas não dão o exemplo nem cobram aplicação, o time entende que “aprender” é opcional. E cultura nunca nasce do opcional, ela nasce daquilo que é valorizado e repetido.
Esses três pontos explicam por que tantas empresas gastam, mas não transformam. Elas treinam, mas não aprendem.
O que a ciência nos ensina
A teoria organizacional mostra que o problema não é novo.
- Chris Argyris e Donald Schön chamavam isso de single-loop learning: corrigir erros sem questionar pressupostos. É o “ajeitar” sem transformar.
- O double-loop learning acontece quando a empresa questiona modelos mentais, muda processos e cria novas formas de agir. Só assim o aprendizado vira vantagem competitiva.
- David Kolb propôs o Ciclo da Aprendizagem Experiencial: experiência, reflexão, conceituação e experimentação. A maioria das empresas para na primeira etapa. Elas oferecem cursos, mas não garantem reflexão, aplicação e retorno.
Esses estudos reforçam: sem sistema, não há aprendizado contínuo; sem cultura, não há transformação.
A diferença que faz a cultura
Em empresas com cultura de aprendizado contínuo, não é preciso “empurrar” treinamentos. O aprendizado faz parte do trabalho.
- O colaborador entende que aprender é parte do dia a dia.
- O líder cobra aplicação, não presença.
- O RH conecta competências, PDI, educação e desempenho em um só fluxo.
É o que Nonaka e Takeuchi chamaram de espiral do conhecimento: transformar o aprendizado individual em conhecimento coletivo, que depois se converte em inovação organizacional.
Quando isso acontece, o aprendizado deixa de ser esforço pontual e passa a ser parte do sistema vivo da empresa.
Perguntas para reflexão
- O aprendizado na sua empresa está conectado à estratégia ou apenas ao calendário de treinamentos?
- Cada colaborador tem clareza sobre suas competências e gaps (um PDI real e vivo)?
- Seus líderes são modelos de aprendizado ou apenas cobradores de tarefas?
- Vocês medem horas de treinamento ou impacto no negócio?
Essas perguntas não têm respostas fáceis, mas provocam a reflexão necessária para evoluir.
O custo de não aprender
O Fórum Econômico Mundial alerta: até 2028, 44% das habilidades atuais deixarão de ser relevantes.
Isso significa que empresas que só treinam estarão sempre correndo atrás, enquanto aquelas que realmente aprendem estarão se reinventando. E o custo não é apenas de oportunidade, mas financeiro:
- Onboarding caro em ambientes de alta rotatividade.
- Multas e passivos em contextos regulatórios (NRs/ISOs).
- Baixo engajamento em equipes que não veem sentido em treinamentos.
- Retrabalho e perda de produtividade porque o aprendizado não se converte em prática.
Não aprender custa mais caro do que investir em aprendizado contínuo.
O futuro pertence a quem aprende
Empresas que tratam aprendizado como discurso seguem treinando, mas sem transformar.
Já aquelas que assumem o aprendizado contínuo como cultura criam vantagem competitiva sustentável.
A pergunta que fica é: sua empresa está apenas treinando ou realmente aprendendo?
Para ajudar você a dar o próximo passo, o SABER Gestão desenvolveu o Diagnóstico de Maturidade em Educação Corporativa. Em poucos minutos, você descobre em qual estágio sua empresa está, quais são os pontos fortes e onde ainda há lacunas.