Sou co-fundador da ForLogic, hoje atuo com gente, cultura e gestão. Sou um dos criadores do Qualiex, do Qualicast (o 1º Podcast nacional focado em qualidade), criador do Blog da Qualidade (o maior blog sobre Qualidade do Brasil). Mestre em Engenharia da Produção pela UTFPR (Universidade Tecnológica Federal do Paraná), auditor líder formado com orgulho pela ATSG na ISO 9001 e 22000, pai, empreendedor, e um inconformado de plantão!
Acredito na responsabilidade do indivíduo, no poder da qualidade e que podemos fazer diferente. Me acompanhe no Linkedin e no Instagram.
Foi noticiado recentemente: Membros do Comitê Técnico 176 da ISO, Subcomitê 2 (TC176/SC2) tomaram a surpreendente decisão de não prosseguir com a tão esperada atualização da ISO 9001:2015 (fonte: Quality.org).
A ISO tem uma diretiva de submeter suas normas à revisão sistemática, no máximo, a cada 5 anos. Entretanto, os membros participantes do comitê indicaram uma preferência pela manutenção da ISO 9001 sem alterações. Ou seja, dessa vez, a revisão não vai acontecer.
A ISO 9001 chama muito atenção, e deve mesmo, já que é o principal padrão mundial de qualidade. Sim, essa norma, é a mais famosa e reconhecida no mundo todo, o que não garante que seja bem aplicada😨.
Polêmicas à parte (volto a ela no fim do artigo), a ISO 9001 conta hoje com 878.664 certificados válidos, que estão relacionados a 1.180.654 sites espalhados pelo mundo. Citando o próprio Quality.org:
A norma é a base para vários padrões do setor que definem os requisitos para sistemas de gestão em setores como automotivo, aeronaves e fabricação de dispositivos médicos. Dezenas de milhões de pessoas em todo o mundo estão envolvidas no desenvolvimento e uso de sistemas de gestão da qualidade com base no padrão ISO 9001.
Apesar disso tudo, está decidido, é isso mesmo, nada muda na ISO9001:2015!
Mas e norma precisa ser revisada?
Toda norma ISO está sujeita a mudanças, e essas mudanças têm uma razão muito clara para cada norma: manter sua relevância e utilização de maneira contínua para a sociedade. Publicada originalmente em 1987, a ISO 9001 já foi revisada quatro vezes desde então, atualmente a revisão data de 2015.
As revisões da norma garantem que ela se mantenha atual para servir de apoio na superação dos desafios da economia em mudança, assim como os avanços tecnológicos, tendências de mercado, futuro dos negócios e da própria sociedade.
Resumindo, a norma muda porque a sociedade evolui e as demandas da sociedade direcionam as mudanças nas normas.
Mas a ISO 9001 deveria mudar?
Essa é uma briga de cachorro grande. Porque uma norma revisada, significa novas certificações, treinamentos, cursos, e diversas outras atividades. Essa discussão eu deixo para outro momento.
Quero voltar a polêmica do começo do texto: A ISO 9001 é muito mal aplicada. Mas para responder a pergunta “A ISO9001 deveria ser revisada?”, dou minha humilde opinião.
Não. Na minha visão, não.
Ela PODERIA, mas não DEVERIA.
E o principal motivo é o descolamento que vejo da visão estratégica proposta pela ISO 9001 versão 2015 que, para muitas empresas, ainda não pegou.
Quando a ISO 9001 é mal aplicada, a culpa é de quem?
Voltando para a “briga de cachorro grande” que citei, muitos dizem ser culpa das certificadoras, organismos de acreditação, consultorias e auditores. Falam que eles são coniventes com “certificados de fachada” coisa e tal. Olha, pode até ser, mas tenho outro ponto de vista.
Empresários com pouca visão e gestores ruins, muitas vezes não compreendem o instrumento que é a norma. Assim, utilizam mal a norma, dando brecha para esse absurdo que se vê em algumas empresas.
Não estou eximindo de responsabilidade certificadoras, organismos, auditores… mas quero trazer outro olhar. Se eu for o dono da firma, vou querer uma auditoria com um auditor que entenda mais do que eu sobre o setor que atuo, e vou cobrar isso, logo, terei que pagar por isso também.
A ISO 9001 versão 2015 aproximou a qualidade da gestão. Sim eu sei, nunca foi separado, mas essa versão trouxe vários aspectos como mentalidade de risco, contexto da organização, e vários outros pontos (alguns vindos do anexo SL) que tornaram a qualidade um trabalho estratégico. Principalmente quando encerrou o papel do RD.
Falta quem entenda a ISO
É difícil entender a ISO 9001. Não muito, mas um pouco. A norma não é um documento trivial, é um compêndio de boas práticas, aprovado em consenso por mais de 160 países. É preciso que os profissionais consigam colocar em prática o que temos lá para que a qualidade se torne viva.
É preciso que a alta direção compreenda que isso não é “pra qualidade” isso é para gerar valor para o cliente, aumentar o capital e perenizar o negócio. Isso é o que todo bom gestor busca, ou deveria ser pelo menos.
Quando Deming, Juran, Crosby e outros gurus falam de pensar o negócio para o futuro, a ISO 9001 atual já apoia nisso. Ela pode ser melhorada, mas não está defasada.
E outras normas
Esse é outro ponto que vale ressaltar, existe atualmente uma gama enorme de normas que podem compor o sistema de gestão da empresa e deixá-lo mais vivo. Cada empresa pode escolher se quer implantar uma norma de compliance ou talvez uma de meio ambiente, talvez as duas e outra de continuidade de negócios. Se lida com governos, uma antissuborno.
Temos normas para os mais diversos aspectos que influenciam o negócio, por isso, a ISO 9001 pode ser parte de um sistema de gestão do negócio, e não uma certificaçãozinha.
Recomendo fortemente que as empresas pensem na ISO 9001 como guia, e um complemento para o seu sistema de gestão, não como o sistema em si. Cada empresa tem sua forma de operar, e deve escolher normas, modelos, regras e sistemas que façam sentido na sua realidade.
Concluindo
A ISO 9001 poderia sim ser revisada, existem muitos pontos que podem ser melhorados, nisso concordo, mas não podemos colocar a “culpa” de um sistema de gestão desatualizado na ISO 9001 ou qualquer outra certificação.
As empresas que ainda não entenderam que devem assumir a gestão como sua responsabilidade. Empresas e gestores ainda terceirizam isso para uma norma, pouco entendem de propósito, compliance, cultura, gestão do conhecimento, accountability e inovação. Ah, sim, tem norma para tudo isso.
E você o que pensa disso? A norma deveria ou não ser revisada?
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